Postado às 05h07 | 24 Out 2021
No primeiro evento após o anúncio de sua filiação ao PSD, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, foi “convocado” a disputar a presidência da República em 2022. O pedido foi feito pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, presidente da legenda no estado, e pelo ex-ministro Gilberto Kassab, que comanda nacionalmente o partido. As falas foram feitas em uma convenção da sigla, no Rio de Janeiro, que também lançou a pré-candidatura do presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, ao governo estadual.
Logo na abertura da cerimônia, Paes fez uma referência ao desejo da sigla de ter Pacheco como presidenciável no ano que vem. A mudança de partido do senador já é um passo para que isso aconteça. Nesta semana, ele anunciou que está deixando o DEM para aceitar o convite de se filiar ao PSD feito por Kassab, um dos principais defensores de sua candidatura ao Planalto. A cerimônia que vai sacramentar a migração está marcada para a próxima quarta-feira, no Memorial JK, em Brasília.
— Como aqui no Rio não temos papas na língua, quero cumprimentar o próximo presidente da República, Rodrigo Pacheco — disse Paes ao saudar o futuro correligionário. Em outro momento do evento, voltou a enfatizar que o senador deve ser candidato: — Eu vim aqui como cidadão para dizer que você está convocado a disputar a presidência da República.
O mesmo tom foi adotado pelo presidente do partido, que reafirmou que o PSD terá um candidato próprio à presidência e disse que Pacheco só não será o escolhido “se ele não quiser”. Kassab ainda exaltou a trajetória do senador, que foi advogado criminalista antes de entrar na vida pública. O cacique ainda ofereceu todo o apoio da legenda ao parlamentar:
— PSD e os seus companheiros estão prontos para abraçar os seus projetos. Não só para a sua campanha, mas para você ser um grande presidente da República. Você tem todas as condições para vencer as eleições e deixar os mineiros e brasileiros orgulhosos — disse, se direcionando a Pacheco.
O senador, por sua vez, desconversou ao ser questionado se acataria a “convocação” de Paes e de Kassab. Pacheco respondeu que, por ser presidente do Senado e do Congresso Nacional, tem limitações que o impedem de afirmar sua pré-candidatura por ora, mas disse que, “no momento certo, haverá essa reflexão”.
Ele, no entanto, não se acanhou quando foi saudado pelos futuros correligionários como o pré-candidato do partido. Pelo contrário, em diversos momentos, se levantou, tirou a máscara e aceitou os aplausos quando era chamado de “futuro presidente” pelos demais oradores do evento. Em seu discurso, o último na cerimônia, Pacheco também adotou um tom eleitoral e afirmou que a política “precisa dar reposta às pessoas”. Entre os interlocutores do senador, há um entendimento de que a disputa do ano que vem será uma eleição “voltada aos problemas reais” das pessoas.
— Eu sei a exata dimensão da minha responsabilidade como presidente do Congresso Nacional. E nós temos hoje um Brasil que precisa de respostas da política. Nós precisamos dar respostas as pessoas. Eu pergunto a cada um de vocês: para que que a política serve se não for para dar o mínimo de felicidade às pessoas? E o que é felicidade no final das contas? É o cidadão poder sair de casa para trabalhar pois tem um emprego, ter a segurança que a mulher ou mãe dele será atendida em um hospital — discursou.
Por fim, Pacheco ainda pregou pelo diálogo e disse que é preciso deixar os extremismos de lado:
— Nós precisamos estar unidos. Buscar as convergências e respeitar as diferenças. Deixando para lá a radicalização, os extremismos.