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Em Berlim, milhares vão às ruas para protestar contra restrições impostas pela pandemia

Postado às 05h58 | 02 Ago 2020

Milhares de pessoas protestaram neste sábado, em Berlim, capital da Alemanha, contra as medidas de prevenção impostas pela pandemia do coronavírus. A manifestação reuniu cerca de 17 mil participantes, de acordo com a polícia. Os organizadores da marcha, chamada "O fim da pandemia — Dia da liberdade", no entanto, dizem ter contado com a adesão de 500 mil.

A marcha foi convocada pelo grupo Querdenken 711, de Stuttgart, e reuniu uma mistura heterogênea de conspiracionistas, simpatizantes de extrema direita, militantes antivacinas e negacionistas dda Covid-19. Os manifestantes, que em sua maioria vieram de outras regiões do país, rejeitaram as medidas implantadas para tentar deter a propagação do vírus. “Somos a segunda onda” ou “Tudo é uma grande teoria da conspiração” foram algumas dos lemas cantados.

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Poucos usavam máscara, segundo um jornalista da AFP que estava no local. A distância física mínima de um metro e meio também não foi respeitada. A polícia pediu por meio de alto-falantes que os manifestantes respeitassem as medidas de segurança e publicou no Twitter que uma queixa foi registrada contra os organizadores por “não respeitarem as regras sanitárias”.

Para os manifestantes, tais medidas devem desaparecer, já que a crise da saúde foi superada.

— É uma tática de medo, o vírus não apresenta mais perigo. Não conheço outras pessoas doentes. Conheci muitas pessoas doentes em março, esquiadores, turistas, algo realmente aconteceu em fevereiro, mas agora não há mais — disse Iris Birzenmeier à AFP.

Entre os participantes, a presença de simpatizantes da extrema direita não era muito grande, mas eram visíveis. Alguns carregavam a bandeira imperial preta, branca e vermelha da Alemanha e levavam cartazes que diziam: “Estamos fazendo barulho porque vocês estão nos roubando a liberdade” e “Pense, não use máscara!”.

Anna-Maria Wetzel, que já participou de vários protestos semelhantes, acredita que o governo alemão exagera na resposta à pandemia:

— Aqueles que não se informam, diferentemente de nós, são ignorantes e acreditam no que o governo diz. O governo só faz nos colocar medo.

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O protesto foi organizado por Stephan Bergmann, empresário que deu origem à iniciativa Querdenken 711. Bergmann ganhou notoriedade em seus discursos em que denunciou que o vírus era “falso”.

— O governo não quer proteger vidas humanas, mas introduzir o comunismo. Que a regra de distanciamento vá à merda! —  disse Bergmann ao jornal Tagespiegel na véspera da manifestação de Berlim.

Críticos chamaram os participantes de “nazistas”. O lema da manifestação  coincide com o título de um filme da diretora Leni Riefenstahl sobre a conferência do partido de Adolf Hitler no NSDAP, em 1935.

Até agora, a Alemanha registrou 9.200 mortes por coronavírus, um número relativamente baixo, mas as autoridades estão preocupadas com um lento aumento de casos. Na semana passada, o país desaconselhou viagens para o território espanhol, que vem registrando  surtos localizados do vírus.

A Espanha criticou as restrições e garantiu ser “segura” para o turismo. O governo local da Catalunha também contestou a decisão alemã, enquanto o de Aragão disse ter pedido para que a Chancelaria espanhola fizesse uma reclamação formal à Bélgica e à Alemanha.

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