Postado às 07h04 | 27 Jun 2021
Elio Gaspari
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni (DEM), assumiu o comando da tropa de choque que defende o governo no estrambótico caso da Covaxin com uma afirmação temerária.
“Quero lembrar aqui que este governo está no 30º mês sem nenhum caso de corrupção. Vou repetir: 30º mês sem nenhum caso de corrupção e assim ele continuará. Porque gostem ou não, nós somos diferentes.
Diferenças, sempre as há. Ao contrário de outros candidatos que embolsam dinheiro dos caixas dois de empresas, negam e se protegem com a lentidão da Justiça, Lorenzoni admitiu ter recebido R$ 300 mil da generosa JBS e pagou uma multa de R$ 189 mil.
O problema está nas semelhanças
O caso da Covaxin tomou o devido tamanho porque um servidor e seu irmão deputado (governista) denunciaram a maracutaia. Lorenzoni anunciou que o governo vai processá-los.O ministro torturou os fatos quando disse “este governo está no 30º mês sem nenhum caso de corrupção”.
Bolsonaro e o doutor Lorenzoni estavam no Planalto havia 12 meses quando o repórter Aguirre Talento revelou que a Controladoria-Geral da União achou um gato na tuba de um edital do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Tratava-se de uma compra de equipamentos eletrônicos para a rede pública de ensino. Coisa de R$ 3 bilhões, valor cerca de duas vezes superior ao total do
contrato da vacina indiana.
A CGU verificou que uma só escola de Minas Gerais receberia 30.030 laptops, 117 para cada um de seus 256 alunos. Essa desproporção se repetiria em 355 colégios. Além disso, foram encontrados indícios de que o edital estava viciado, beneficiando afortunados fornecedores.
Ao contrário do que está acontecendo com a Covaxin, a girafa foi capturada pelo aparelho de fiscalização do próprio governo.
O edital foi suspenso e, mais tarde, cancelado. Se, no caso da Covaxin, a CPI e a torcida do Flamengo querem saber o que aconteceu, no do edital de R$ 3 bilhões o governo premiou-se com um manto de silêncio. Mudaram ministros, trocaram-se presidentes do FNDE e, até hoje, ninguém foi capaz de explicar como o jabuti subiu na árvore. Os autores do edital continuam na sombra.
Se o negócio desse certo, com um pixuleco de 5%, alguém poderia ganhar R$ 150 milhões, dinheiro suficiente para comprar 1,8 milhão de vacinas indianas.
Ricardo Salles saiu do ministério, mas não saiu da frigideira da Polícia Federal.
O elo que falta
Frito Ricardo Salles, continua em aberto a conexão de parlamentares ligados ao setor agrotroglodita da economia.
Em alguns casos essa intimidade é ostensiva, como no caso dos amigos do empresário Jassonio Costa Leite, do Tocantins.
Aquilo que Jair Bolsonaro chamou de “indústria da multa” premiou o doutor com um ticket de R$ 105 milhões por ter desmatado uma área equivalente a 21 mil campos de futebol.
Eremildo, o idiota
Eremildo é um idiota e acredita em tudo que o governo diz, à espera de que lhe arrumem boquinha ou um
pixuleco sanitário.
Em abril do ano passado, o cretino ouviu o médico, Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania, dizer o seguinte a respeito da pandemia.
“Ao redor da terceira semana de abril deverá começar a queda do número de novos casos, terminando na primeira semana de junho. Façam ou não façam quarentena!”
Haviam morrido 79 pessoas.
Dias depois ele voltou:
“Vai morrer mais gente de gripe sazonal, no inverno, no Rio Grande do Sul. Morrem, em média, 950 pessoas de gripe sazonal, principalmente os idosos. (...) Vai morrer menos gente de coronavírus em todo o Brasil do que gente no inverno gaúcho de gripe sazonal.”
O doutor Terra vivia no mundo da Lua. Ele começou sua vida política elegendo-se prefeito de Santa Rosa (RS), cuja população é de 74 mil habitantes.
A pandemia já matou mais de 510 mil pessoas, e o cretino decidiu comprar um bom pedaço de carne, para comê-lo num churrasco solitário em Caxias do Sul, cuja população está estimada em 518 mil pessoas.