Postado às 06h19 | 08 Jun 2022
Elio Gaspari
Deve-se ao repórter Tácio Lorran a revelação de que alguns ministros do Tribunal de Contas da União custam mais com viagens e diárias do que com os salários que remuneram seu trabalho. Bruno Dantas, por exemplo, tem vencimentos de R$ 37,3 mil brutos e custou R$ 43.517 entre 25 de fevereiro e 14 de março, indo à Polônia, Arabia Saudita, Áustria e França.
Ele não é o único, nem o TCU está sozinho nessas prebendas. As viagens de instrução, bem como seminários de curta duração, geralmente coincidindo com os feriadões nacionais, ganharam até o apelido de "farofas".
O TCU é encarregado de vigiar as despesas feitas com dinheiro da Viúva. Logo ele, mete-se em turismo de primeira e se explica com argumentos de segunda: "Os preparativos para a gestão brasileira exigem contato constante com instituições de outros países e, naturalmente, isso exige deslocamento de autoridades da Casa para reuniões de trabalho e compromissos de cunho científico".
Contem outra. O TCU brasileiro nada tem a aprender na Arábia Saudita ou na Polônia. O trabalho de instituições francesas e austríacas pode ser acompanhado sem a necessidade de viagens.
O ministro Vital do Rêgo custou R$ 92,7 mil entre fevereiro e maio (R$ 53,8 mil em passagens), inclusive para ir ao Congresso da Carosal. A sigla significa Caribbean Organization of Supreme Audit Institutions.
Ganha um fim de semana num carimbo ilegal quem for capaz de dizer o que as instuições caribenhas têm a ensinar, hospedando milionários e paraísos fiscais. O Congresso aconteceu em Aruba, jóia do veraneio do andar de cima. O Haiti fica no Caribe, mas ninguém vai para lá.
Nos últimos cinco meses, o ministro Bruno Dantas esteve em oito países. Admita-se que havia o que fazer no Paraguai, Uruguai, Argentina, México, Peru e Equador. Restam a Índia e o Egito, capitais às quais quase sempre se chega passando por Paris.
É comum que profissionais liberais endinheirados usem congressos e seminários em locais aprazíveis para enforcar feriados. Como eles fazem esse turismo com seus recursos, noves fora a Receita Federal, ninguém tem nada a ver com isso. O caso dos hierarcas é outro, pois usam dinheiro público, faltam ao serviço e, em alguns casos, são acompanhados por assessores.