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Eleição em sete capitais deve ter impacto na formação de palanques em 2022

Postado às 04h46 | 02 Nov 2020

O governador João Doria, o ex-ministro Ciro Gomes e o presidente Jair Bolsonaro Foto: Arquivo O GLOBO

Globo

Na reta final para o primeiro turno da eleição, pesquisas apontam sete capitais onde há chances reais de vitória de grupos políticos adversários aos que estão atualmente à frente das administrações, em movimentos que deverão ter impacto direto na formação de palanques para a eleição presidencial em 2022. Com a proximidade do momento da votação, líderes políticos têm se movimentado, seja para consolidar a posição de aliados na liderança ou em uma última tentativa de barrar o avanço de opositores.

Um dos casos é o do Rio, onde o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), em segundo lugar nas intenções de voto, conseguiu na quinta-feira uma manifestação formal de apoio do presidente Jair Bolsonaro, que também procurou associar a candidata do PDT, Martha Rocha, empatada com Crivella, ao presidenciável Ciro Gomes. Aliados de Bolsonaro têm convicção de que uma vitória de Eduardo Paes (DEM), que lidera as pesquisas, fortaleceria o projeto presidencial do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), enquanto a ascensão de Martha daria a Ciro um palanque importante para o projeto pedetista.

Além do Rio, em Porto Alegre, Fortaleza, Teresina, São Luís, João Pessoa e Belém candidatos que fazem oposição ao atual prefeito ou a seu possível sucessor aparecem na liderança, segundo o Ibope.

Anti-Doria

De olho na reeleição, Bolsonaro tem acenado com apoio a candidatos cujas vitórias possam enfraquecer seus adversários em 2022. É o caso de São Paulo, onde Celso Russomanno (Republicanos) rivaliza com o prefeito Bruno Covas (PSDB), aliado de Doria. Covas está numericamente à frente, mas empatado com Russomanno no limite da margem de erro, segundo o Ibope. As desavenças públicas entre Bolsonaro e o governador de São Paulo já incluíram temas como aumento de impostos e a vacina contra o novo coronavírus que está sendo desenvolvida por uma empresa chinesa.

O presidente, que também procura enfraquecer candidaturas da esquerda, fez um apelo na quinta por “uma alternativa” a Manuela D’Ávila (PCdoB), líder nas pesquisas em Porto Alegre, mas disse que não iria declarar voto na capital gaúcha. O prefeito Nelson Marchezan (PSDB), que chegou a ser alvo de um processo de impeachment na Câmara Municipal, está em segundo lugar, empatado com outros dois adversários.

Apoio velado

Em capitais do Nordeste, aliados de Bolsonaro evitam trazê-lo para a campanha, por ser a região que concentra os maiores índices de desaprovação ao presidente. Em São Luís, o governador Flávio Dino (PCdoB), que tem seis aliados na disputa e testa seu nome para a eleição presidencial de 2022, tenta apagar focos de “fogo amigo” para concentrar as críticas em Eduardo Braide (Podemos), líder das pesquisas. A estratégia envolve associar Braide a Bolsonaro, cuja gestão é considerada ruim ou péssima por 46% dos eleitores da capital maranhense, segundo o Ibope. Braide tem evitado vincular-se a Bolsonaro e não acompanhou a visita do presidente a São Luís, na última quinta, articulada pelo senador Roberto Rocha (PSDB-MA), um dos principais apoiadores de sua candidatura.

— Essa polarização em nada contribui. O prefeito não tem de ser representante do presidente ou do governador. Vou dialogar com quem for preciso — diz Braide, que se considera alvo de “ataques” dos adversários por ter passado para a oposição a Dino.

Para evitar mal-estar com seus aliados, Dino liberou o uso de sua imagem por mais de um candidato e não tem participado da campanha de Rubens Jr. (PCdoB), que aparece com 6% das intenções de voto. Duarte Junior (Republicanos) e Neto Evangelista (DEM), tecnicamente empatados em segundo, são apoiados respectivamente pelo vice-governador Brandão Junior e pelo senador Weverton Rocha (PDT-MA), que tentam se cacifar para a sucessão de Dino. Neto e Duarte vêm trocando ataques no horário eleitoral.

— Não deixa de ter fogo amigo, mas o importante nessa campanha é destacar os feitos do governador e do prefeito Edivaldo (PDT). A questão nacional aparecer no segundo turno é inevitável, mas acho que será uma disputa mais pragmática, de valorizar os feitos da gestão — avaliou o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA), coordenador da campanha de Rubens Jr.

Em Fortaleza , berço político de Ciro Gomes, integrantes das cúpulas do PDT e do PT esperam que a reaproximação entre ele e o ex-presidente Lula leve a uma redução dos ataques entre os candidatos dos dois partidos, Sarto Nogueira e Luizianne Lins, respectivamente. Sarto e Luizianne disputam a segunda colocação, de acordo com pesquisa Datafolha mais recente, e vêm trocando ataques, mas esperam contar com apoio mútuo num eventual segundo turno contra Capitão Wagner (PROS), líder nas intenções de voto. Bolsonaro ofereceu apoio a Wagner, mas o candidato não só evitou a associação como deu declarações críticas ao governo federal na última semana. Na quinta, o presidente deixou de citar seu nome pela primeira vez ao declarar os candidatos que apoia.

 

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