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Depoimento: "Como conheci Jean Paul Prates"

Postado às 05h48 | 27 Jan 2023

Ney Lopes

Jean Paul Prates já é o novo presidente da Petrobras.

A empresa informou que seu Conselho de Administração, em reunião realizada ontem, o elegeu para a presidência da estatal, com mandato até 13 de abril de 2023.

Prates tomou posse em ambos os cargos.

RN – Pelo seu vínculo com o RN é uma notícia alvissareira, além de premiar a inegável competência de um dos melhores técnicos em petróleo do país, com mestrados em Planejamento Energético e Gestão Ambiental (Universidade da Pensilvânia) e em Petróleo e Gás e em Economia de Petróleo e Motores pelo Instituto Francês do Petróleo.

Deputado - Por volta do ano 2001 conheci Jean Paulo Prates.

A época era deputado federal e ele me procurou no gabinete e em Brasília.

Justificou sua visita, afirmando que acompanhava as minhas frequentes posições em defesa de temas econômicos e sociais, que favorecessem o RN e o país. 

Naquela época, a minha luta era a instalação de uma refinaria de petróleo no estado.

Na ocasião, Jean confessou que era carioca, porém tinha a maior simpatia pelo RN.

Exaltou o potencial de riquezas inexploradas do estado, sobretudo minérios.

Disse que um dia moraria em Natal, o que aconteceu em 2005.

Alto nível - Conversamos e logo percebi que estava diante de um técnico de alto nível e coloquei-me ao dispor, no que fosse possível.

Ele consultou-me sobre a possibilidade de contato na área empresarial do RN, pois tinha ideias e propostas a oferecer ao setor privado.

Articulei-me, identifiquei a área do contato, mas infelizmente não houve interesse sequer de conversar com ele.

Lamentei muito, mas nada pude fazer.

Cargos - Jean Paul não desistiu do RN, até aqui instalar a sua residência.

A governadora Vilma Maia convidou-o para a Secretaria de Estado de Energia (2005).

Fundou O CERNE – Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia – voltado para a discussão de estratégias públicas e privadas relativas ao aproveitamento sustentável dos recursos naturais e energéticos do Nordeste.

Parlatino - Há um fato singular, no qual Jean Paul teve participação direta.

Em junho de 2005 estava na presidência do Parlamento Latino Americano (PARLATINO) e organizei uma missão do governo do RN para visitar a Venezuela e demonstrar ao Presidente Hugo Chávez, que o Rio Grande do Norte seria o melhor local para a PDVESA (empresa de petróleo venezuelana) instalar uma refinaria de petróleo no Nordeste.

Maduro - Viajei à Caracas em companhia do então vice-governador Antônio Jácome, do secretário de Planejamento, Vagner Araújo e do secretário de estado de Energia, Jean Paul-Prates .

Lá fomos muito bem recebidos.

Um dos venezuelanos com quem falei para organizar a presença da nossa delegação em Caracas foi o atual presidente Nicolás Maduro, que à época era deputado e atuava muito no Parlatino.

Refinaria - Em que pese o esforço feito nada de positivo resultou para o RN.

O estado foi excluído, mesmo sendo o maior produtor de petróleo em terra do país.

O engodo foi suposta compensação ao nosso estado com a promessa de pequena ampliação de uma refinariazinha, que existia há anos, em Guamaré.

Planos - Hoje, Prates é a esperança do novo governo federal para a tumultuada questão dos preços dos combustíveis no Brasil.

Ele já tem dado algumas sinalizações sobre como será a sua gestão na Petrobras.

Tem expressado o desejo de transformar a Petrobras em uma empresa com forte presença em energia eólica offshore (no alto-mar), hidrogênio verde e biocombustíveis

Refinarias - Outra meta seria aumentar a capacidade de refino da estatal: ele apontou que elevar a capacidade é diferente de construir novas refinarias.

Acha possível aumentar a capacidade de refino, usando as mesmas instalações das refinarias já existentes.

Mudanças - Cabe um “voto de confiança” na gestão de Jean Paul Prates, na Petrobras.

Analistas de mercado têm mostrado ceticismo, em função das projeções de menores dividendos e maiores investimentos de capital da companhia.

O mercado sempre age assim: quer resultados financeiros, em curto prazo e deixa de ponderar que o mundo mudou.

As ações governamentais têm que ser movidas pelo interesse público e não apenas o lucro imediato, como garantia de uma sociedade verde, sustentável e equitativa.

Vamos torcer para tudo dar certo.

(Publicado hoje no jornal AGORA RN)

 

 

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