Postado às 05h28 | 20 Abr 2020
Andrea Sadi
A cúpula militar do governo tenta, nos bastidores, minimizar a presença do presidente no ato pró-intervenção militar deste domingo (19), em Brasília. O argumento é que Bolsonaro quis agradar sua base de apoiadores ligada à ala ideológica.
Atuando como bombeiros, ministros da ala militar repetem quase em coro que não existe qualquer ameaça concreta à democracia porque as Forças Armadas rechaçam apoio a essa ideia. "Não há risco", disse um general ao blog.
Outro integrante da ala militar do governo ouvido pelo blog vai na mesma linha: diz que o presidente "dá vazão" a esses apoiadores antidemocráticos "na retórica", uma vez que ele não teria "poder sozinho" a respeito de uma ruptura democrática, pois isso está fora de cogitação para as Forças Armadas.
"O ator principal do pedido desse agrupamento são as Forças Armadas, que estão totalmente fora, não concordam com nada do que estão defendendo", disse esse general ao blog.
No entanto, reservadamente, auxiliares do presidente reconhecem que a relação com o Congresso, que já estava ruim, vai se inviabilizar em um momento em que o Planalto tentava construir uma ponte paralela com líderes do centrão, isolando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Após os ataques de Bolsonaro ao que chama de "velha política", parlamentares de diferentes partidos reagiram nos bastidores com críticas ao discurso do presidente.
No STF
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) comentou ao blog a ida do presidente ao ato. Para o ministro, "não há espaço para retrocesso".
"Os ares são democráticos e assim continuarão. Visão totalitária merece a excomunhão maior. Saudosistas inoportunos. As instituições estão funcionando", disse o ministro.