Postado às 04h19 | 04 Jun 2020
Rodolfo Luis Kowalski
Três meses depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizar a Covid-19 como uma pandemia, o que todos querem saber é quando será possível, enfim, retornar à normalidade. Segundo especialistas, isso só acontecerá quando houver uma vacina capaz de lidar com a doença. Para os otimistas, isso pode acontecer ainda em 2020. Para os mais realistas, daqui a um ano ou um ano e meio — e ainda assim seria um recorde, considerando que a vacina mais rápida já criada, contra o sarampo, levou cerca de dez anos para ser desenvolvida (o vírus causador foi identificado em 1953 e a vacina, aprovada em 1963).
No site da OMS, um relatório publicado na última terça-feira mostra que estão sendo desenvolvidas pelo menos 133 candidatas a vacina contra o vírus SARS-Cov-2. A corrida pela descoberta do antídoto reúne ainda 30 países, entre eles o Brasil, com pesquisas em fase pré-clínica sendo desenvolvidas pela Faculdade de Medicina da USP em conjunto com o Incor e também pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vacinas, que tem base técnica elaborada pelo Grupo de Imunologia de Doenças Virais da Fundação Oswaldo Cruz-MG.
Com relação ao total de candidatas, porém, quem lidera é os Estados Unidos, que participa como protagonista, seja por meio do governo (universidades e entidades públicas) ou do setor privado (laboratórios e empresas farmacêuticas), de 37 iniciativas. A China aparece em segundo lugar no ranking, com 17 pesquisas em andamento, acompanhada pelo Canadá, com 12.
Dessas 133 candidatas a vacina, 10 já estão na fase clínica, ou seja, sendo testadas em humanos. Essa etapa do estudo se divide em três momentos, sendo o último deles o ensaio em larga escala, com milhares de indivíduos e que fornecerá uma avaliação definitiva da eficácia e segurança do medicamento.
A pesquisa em estágio mais avançado está sendo pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, e agora iniciará os testes da última etapa da fase clínica. O antídoto, inclusive, será testado também no Brasil, conforme publicação no ‘Diário Oficial da União’. Duas mil pessoas participarão dos testes no Brasil, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os experimentos com brasileiros , que contam com o apoio do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Testes no Brasil serão feitos com voluntários
O Brasil iniciará neste mês testes com a potencial vacina que está sendo desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, contra a Covid-19, informaram a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que participará do estudo, e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo a Unifesp, duas mil pessoas participarão dos testes, que serão feitos também com apoio do Ministério da Saúde.
Para a etapa dos testes em São Paulo, serão selecionados 1 mil voluntários que estejam na linha de frente do combate à Covid-19, pois estão mais expostos à doença. Os voluntários não podem ter entrado em contato com a Covid-19.
Segundo a Anvisa, o pedido para realização dos testes foi feito junto à agência reguladora pela empresa AstraZeneca do Brasil, controlada pelo conglomerado farmacêutico AstraZeneca. O Brasil foi escolhido para participar dos testes porque por aqui a doença ainda está em plemna circulação.
Número de candidatas a vacina contra a Covid-19 por país
Alemanha: 4
Austrália: 3
Áustria: 1
Bélgica: 4
Brasil: 2
Canadá: 12
Cazaquistão: 1
China: 17
Cingapura: 1
Coreia do Sul: 2
Dinamarca: 3
Eslováquia: 1
Espanha: 5
EUA: 37
Finlândia: 1
França: 5
Holanda: 2
Hong Kong: 1
Índia: 6
Israel: 2
Itália: 3
Japão: 5
Reino Unido: 7
Romênia: 1
Rússia: 10
Suécia: 1
Suíça: 1
Tailândia: 4
Taiwan: 1
Vietnã: 1
Fonte: OMS