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Contágio volta a subir e Brasil perde controle

Postado às 04h29 | 09 Set 2020

 Bruna Lima

A taxa de transmissão (Rt) da COVID-19 no Brasil subiu esta semana e voltou aos patamares de descontrole da doença. Na nova avaliação do Imperial College de Londres, o índice é de 1, ou seja, está no limiar dos níveis de descontrole. Isso significa que cada infectado transmite a doença para mais uma pessoa. Na avaliação anterior, o país registrou a menor marca desde a intensificação da pandemia, com Rt em 0,94, mas não conseguiu manter a queda. Índices a partir de pontuação um indicam descontrole da transmissão e, com isso, o Brasil volta ao rol de nações onde a doença é considerada ativa.

Até agosto, o Brasil chegou a ficar por 16 semanas consecutivas com Rt acima de 1, e foi classificado como o país da América Latina com mais longa permanência nos altos patamares de transmissão do novo coronavírus. O status do contágio continua na classificação de lento a estagnado.

O indicador é um dos fatores que auxiliam no controle da epidemia, mas, para se manter baixo, precisa estar alinhado com outros elementos, como números de novos casos de contaminação e de óbitos. São considerados também taxa de ocupação de leitos e dados de síndrome respiratória aguda grave (SRAG).

No ranking dos 72 países avaliados, o Brasil tem a 35ª maior taxa de contágio, uma piora de 12 colocações em relação à listagem da semana passada. Não há países da região latino-americana entre as cinco piores marcas de transmissão nesta semana.

Após ter observado redução da taxa de 1,32 para 1,20, o Paraguai apresenta a pior marca entre os países da região, seguido pela Argentina, que, esta semana, registrou aumento na Rt de 1,09 para 1,17. Além do Brasil, estão relacionados entre os países com a transmissão fora de controle na América Latina: República Dominicana (1,13), Bolívia (1,07), Honduras (1,06), Costa Rica (1,04), Chile (1,02) e Venezuela (1,02).

No Brasil, após um feriado que mostrou a queda do isolamento social, 14.279 novos casos de contaminação pelo novo coronavírus e 504 mortes foram registrados ontem, de acordo com o Ministério da Saúde. O balanço da doença respiratória mostra 4.162.073 pessoas infectadas e 127.464 mortes pela doença.

Com a diminuição dos números, a média móvel de casos dos últimos sete dias está em 30.163, enquanto a de mortes caiu para 695, segundo cálculos do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Os índices de óbitos não são baixos desde meados de maio, quando a pandemia havia se intensificado no país. Apesar de os novos registros mostrarem números menores do que a média móvel, especialistas preveem que as aglomerações vistas no último fim de semana só reflitam nas atualizações dos dados dentro de duas semanas.

Vacina O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou ontem que o governo pretende começar a vacinar a população brasileira contra a COVID-19 em janeiro de 2021. O Brasil participa do desenvolvimento do imunizante da Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a indústria farmacêutica AstraZeneca. No entanto, a   pesquisa da vacina foi suspensa ontem nos Estados Unidos. O motivo foi reação adversa grave em participante do estudo.

Durante reunião ministerial no Palácio do Planalto, Eduardo Pazuello respondeu à pergunta da youtuber mirim Esther, escalada pelo presidente Jair Bolsonaro para questionar seus auxiliares, em tom de descontração, durante parte do encontro.

“Vai ter vacina para todo mundo e remédio, ou não vai?”, questionou a menina, repetindo pergunta ditada pelo presidente. “Esse é o plano. A gente está fazendo os contatos com quem fabrica a vacina e a previsão é de que chegue para a gente em janeiro. Janeiro a gente começa a vacinar todo mundo”, respondeu Pazuello.

Para a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a AstraZeneca, o Brasil acertou protocolo de intenções que prevê a disponibilização de 30 milhões de doses até o fim do ano. Está concluindo as negociações para o pagamento e a assinatura de acordo final que incluirá a transferência de tecnologia para produção nacional, que deverá ser conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).Caso a vacina tenha sua eficácia comprovada, a previsão é produzir, inicialmente, 100 milhões de doses a partir de insumos importados. (Com agências)

 

Quase 36 mil doentes em BH

Gabriel Ronan

Belo Horizonte registrou ontem balanço de 1.072 mortes provocadas pela COVID-19. O boletim epidemiológico e assistencial da prefeitura informa que 15 óbitos ocorreram desde a última sexta-feira. Quanto ao número de casos de contaminação, a cidade totaliza 35.983 – diferença de 664 diagnósticos a mais em relação ao levantamento anterior, divulgado no dia 4.

No balanço feito por administrações regionais da prefeitura, a Oeste e a Nordeste são aquelas com o maior número de mortes: 134, uma a mais que os registros em Venda Nova. Na sequência, aparecem Noroeste (130), Barreiro (120), Leste (111), Norte (107), Centro-Sul (106) e Pampulha (97).Há investigação em andamento sobre sete mortes, o que pode elevar o número total para 1.079. São 891 óbitos já descartados para a doença. O último fim de semana foi de reabertura de bares e restaurantes com venda de bebidas alcoólicas em Belo Horizonte. Os números apresentados no balanço de ontem, porém, ainda não refletem essa flexibilização.

Especialistas afirmam que as medidas de reabertura da atividade comercial levam, em média, 14 dias para influenciar os dados oficiais sobre a abrangência da doença respiratória. Portanto, só será possível medir o impacto da flexibilização no próximo dia 18. O tempo de incubação do novo coronavírus é estimado em duas semanas.

Entre as pessoas que morreram vítimas da COVID-19 em BH, 596 eram homens e 476 mulheres. A maioria dos óbitos, 81,9% (878), acometeu idosos. Outros 15,9% (170) tinham entre 40 e 59 anos; e 2,2% (24) entre 20 e 39 anos.

Minas investiga reinfecção

Matheus Adler e Cristiane Silva

Após publicação de nota técnica da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) sobre casos de contaminação suspeitos de reinfecção pelo novo coronavírus, o chefe da pasta, Carlos Eduardo Amaral, informou, ontem, que o estado tem três pacientes em acompanhamento nessa circunstância: um em Belo Horizonte, um em Contagem, na região metropolitana da capital, e o terceiro em Varginha, no Sul de Minas. Não há confirmação de pessoas reinfectadas.

Para a SES/MG, é considerado caso suspeito de reinfecção aquele em que a pessoa apresenta novo quadro clínico em período superior a 90 dias da data do primeiro episódio confirmado laboratorialmente. Todos os casos positivos de contaminação pelo coronavírus com novo quadro clínico em período igual ou maior do que três meses em relação ao primeiro diagnóstico devem ser testados e notificados ao estado.

Os profissionais da saúde também deverão enviar as amostras positivas à Fundação Ezequiel Dias (Funed), onde será feito o sequenciamento genético para verificar a presença de mutações. “Esses casos ainda estão em acompanhamento e, na verdade, estamos observando, fazendo uma checagem, porque o número de reinfecções hoje, avaliadas no mundo, é muito pequeno”, afirmou o secretário Carlos Amaral.

Ele destacou a importância dos cuidados e da checagem muito bem-feita desses casos, inclusive, com avaliação de exames atuais e anteriores. Isso é necessário para dar segurança ao diagnóstico de reinfecção. “Até o momento, não temos casos confirmados, mas esses casos que foram notificados continuam em acompanhamento”, disse.

Segundo informações da secretaria, o primeiro caso de reinfecção por coronavírus no mundo foi confirmado por pesquisadores chineses e se refere a um homem com o segundo caso diagnosticado quatro meses e meio após o primeiro diagnóstico. O sequenciamento do genoma mostrou que as duas cepas do vírus são diferentes, o que comprova a reinfecção.

Como no Brasil todas as amostras coletadas para a testagem do coronavírus são guardadas pelos laboratórios, se houver suspeita de reinfecção é possível comparar os materiais. Isso possibilita que seja feita a investigação que verifica a presença de mutações do vírus.

O secretário estadual de Saúde falou, também, sobre o número de internações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Nas duas últimas semanas, o número de hospitalizações diminuiu: na semana 33, 3.246 pacientes deram entrada em alguma unidade de saúde devido à SRAG. Já na semana seguinte, o número caiu para 2.600, chegando a 1.618 na última semana. Carlos Eduardo acredita que a tendência é de queda.

Balanço Minas Gerais está cada vez mais perto de alcançar a triste marca das 6 mil mortes pela COVID-19 desde março. Segundo o boletim divulgado ontem pela Secretaria de Saúde, mais 26 óbitos foram confirmados no período de 24 horas, o que levou o estado a totalizar 5.877 vidas perdidas para o vírus. Também foram registradas outros 651 diagnósticos, elevando o total a 236.663 casos. A doença já atinge quase a totalidade de Minas, presente em 840 dos 853 municípios. (EMcom brasil)

 

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