Postado às 06h14 | 19 Mar 2020
Hotelaria e parques temáticos terão estabelecimentos fechando as portas já a partir da semana que vem e dispensando funcionários se não houver ajuda financeira do governo federal, afirma Sérgio Souza, presidente da Associação Resorts Brasil. Nos últimos sete dias, houve uma interrupção quase total na geração de receita do setor após o cancelamento de todos os eventos e de mais de 90% das reservas feitas por viajantes corporativos e de lazer.
A medida anunciada nesta quarta-feira pelo governo federal que vai permitir reduzir jornada e salários de colaboradores pelas empresas durante a crise não surtirá efeito para o setor, sustenta o executivo.
— Redução de jornada e salário ajudam numa atividade que continua a existir. A nossa atividade cessou. O governo está socorrendo o setor aéreo, o que tem de ser feito. Mas é preciso também apoiar hotelaria e turismo — defende Souza. — Se houver pelo menos mais três meses de crise, como se prevê, é impossível resistir. Isso coloca os 400 mil empregos gerados diretamente pelo setor em xeque.
O segmento tem uma receita anual de R$ 31,3 bilhões, gerando ao todo 1,3 milhão de empregos entre diretos e indiretos, segundo dados da Resorts do Brasil.
— No Brasil, 90% dos hotéis são independentes. Não há como resistir a um mês sem receita. Nossa mão de obra é qualificada e queremos manter os empregos. Mas precisamos de recursos para, durante essa queda total da demanda, afastarmos os trabalhadores mediante pagamento de um seguro-desemprego proporcional. Assim, passada a crise, eles poderão retornar ao trabalho — explica ele.
O fechamento de hotéis, continua Souza, pode derrubar a economia de municípios e regiões inteiras, sobretudo em áreas de intensa atividade turística como Porto de Galinhas, em Pernambuco, ou Gramado, no Rio Grande do Sul. Também cidades como Ribeirão Preto, portão de entrada para o agronegócio, sentiriam impacto pela falta de hospedagem para viajantes corporativos.
Os hotéis do Rio estão seguindo a orientação da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça, de reembolsar integralmente aqueles consumidores que quiserem cancelar a sua reserva.
— A nossa primeira tentativa é transferir a reserva para o segundo semestre. Os eventos, quase 100% transferem, mas ainda não tenho os números dos turistas individuais — diz gerente de hotel.