Postado às 06h00 | 25 Nov 2020
A embaixada da China repudiou nesta terça-feira que o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, tenha defendido uma proposta americana para impulsionar uma tecnologia 5G "sem espionagem da China", alertando para eventuais "consequências negativas" para a relação bilateral.
A delegação emitiu um comunicado um dia depois que o deputado publicou uma série de tuítes em que afirmou: "Brasil apoia projeto dos EUA para o 5G e se afasta da tecnologia da China." Na mensagem, apagada por Eduardo, ele acrescentava que "o governo @JairBolsonaro declarou apoio à aliança Clean Newtork, lançada pelo governo @realDonald Trump, criando uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China." O acordo foi assinado no começo do mês.
Em outro tuíte, o deputado se referia a "entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, exemplo do Partido Comunista da China".
A representação da China, maior parceiro comercial do Brasil, considerou que "tais declarações infundadas (...) prestam-se a seguir os ditames dos Estados Unidos no uso abusivo do conceito de segurança nacional para caluniar a China e cercear as atividades de empresas chinesas", como a Huawei, que busca entrar no mercado de 5G brasileiro.
"Isso é totalmente inaceitável para o lado chinês e manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a esse comportamento", assinalou a embaixada, acrescentando que já fez a "gestão formal" ao lado brasileiro pelos canais diplomáticos.
A embaixada lembrou que, em outras ocasiões, o deputado e "outras personalidades" fizeram declarações "infames" que prejudicam a relação entre os dois países. "Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema direita americana (...) Caso contrário, irão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil."