Postado às 06h33 | 18 Dez 2020
Globo
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse nesta quinta-feira que “ainda não é o momento” para o governo brasileiro se aproximar da gestão do futuro presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. A declaração foi dada durante uma entrevista do chanceler ao canal SBT News, quando foi questionado sobre os próximos passos para construir uma parceria com o democrata.
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O ministro disse que o primeiro passo foi a mensagem do presidente Jair Bolsonaro a Biden, enviada quase seis semanas após a vitória do democrata ter sido projetada, quatro dias depois da eleição presidencial americana. No entanto, Araújo afirmou que, por Biden ainda não ter tomado posse, qualquer contato com a equipe de transição seria “precário”.
— Ainda não tomou posse. Então, qualquer contato com uma equipe de transição sempre é mais ou menos precário. O que conta mesmo é a partir da tomada de posse — disse Araújo, que afirmou, porém, que o governo estará pronto para aproximação com Biden quando ele assumir a Presidência. — Vamos continuar conversando com o presidente se tivermos a oportunidade de mais algum contato até lá. Mas ainda não é realmente o momento de construção dessa linha da nova parceria, que a gente espera seja uma continuação muito boa da parceria que nós temos desenvolvido.
Bolsonaro só reconheceu a vitória de Biden no pleito quando ela foi confirmada na votação do Colégio Eleitoral, nesta segunda-feira, sendo o penúltimo líder mundial a fazê-lo — à frente apenas do norte-coreano Kim Jong-un, que ainda não parabenizou o democrata. Perguntando se a demora criaria alguma animosidade com o futuro governo democrata, Araújo negou que isso possa acontecer e afirmou que a espera é “plenamente normal”:
— É plenamente normal, porque os resultados que foram anunciados em novembros foram anunciados basicamente pela imprensa, com todo respeito à imprensa... Mas eles se tornaram oficiais com a votação no Colégio Eleitoral.
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A maioria dos líderes mundiais parabenizou Biden logo após sua vitória ser anunciada. A votação no Colégio Eleitoral costuma ser vista apenas como uma formalidade do processo eleitoral americano, mas ganhou mais destaque este ano após tentativas do atual presidente, Donald Trump, de reverter o resultado e questionar a credibilidade do pleito.
O republicano, que é aliado de Bolsonaro, alegou que houve fraudes na votação — narrativa que foi endossada pelo presidente brasileiro. No entanto, mais de 50 ações judiciais movidas por causa dessas alegações por Trump e seus aliados foram derubadas na Justiça, com a conclusão de que não houve nada que colocasse a lisura da eleição em xeque.
Sobre essas alegações, também adotadas por Bolsonaro, Araújo disse apenas que o governo acompanhou as notícias que questionavam a legitimidade da votação, “dando conta de fraudes sérias”. No entanto, reconheceu que os casos na Justiça concluíram o oposto.