Notícias

Candidatos a vice se enfrentam hoje nos EUA; saiba o que esperar desta noite

Postado às 04h59 | 07 Out 2020

Globo

Os candidatos à Vice-Presidência dos Estados Unidos — o republicano Mike Pence e a democrata Kamala Harris — se enfrentarão pela primeira e única vez em um debate nesta quarta-feira. O encontro acontecerá na Universidade de Utah, em Salt Lake City, às 22h de Brasília. A mediação será da jornalista Susan Page, chefe da sucursal de Washington do jornal USA Today. 

O debate acontece em uma semana turbulenta na corrida à Casa Branca, apenas seis dias depois que o presidente Donald Trump foi diagnosticado com a Covid-19, e três dias após ele deixar precocemente o hospital onde estava internado.

Leia mais:Por que Kamala Harris pode ser um alvo difícil para Trump

Embora Pence, que esteve com o presidente, tenha feito vários testes para o coronavírus que deram negativo, os organizadores do evento aumentaram a distância no palco entre os dois para debatedores para 3,6m, quando antes estavam previstos 2m. Harris e Pence também vão ficar separados por uma barreira de acrílico.

Além de reforçar a pandemia como questão central da eleição, o debate entre os vices ganha ainda mais importância por duas outras questões.

Primeiro, o diagnóstico positivo de Trump lança luz sobre a idade do presidente, de 74 anos, e a do seu rival democrata Joe Biden, de 77. O encontro será uma oportunidade para Pence, de 61 anos, e Harris, de 55, mostrarem que seriam capazes de assumir a Presidência caso algo aconteça com seus cabeças de chapa.

Em segundo lugar, as incertezas sobre o estado de saúde de Trump lançam há dúvidas sobre se ele conseguirá participar dos outros dois debates com Biden previstos, em 15 e 22 de outubro.Caso os próximos debates presidenciais não aconteçam, o desta noite será o último da corrida eleitoral à Casa Branca neste ano.

Contexto: Depois de 'surpresa de outubro', campanha de Trump tenta achar novo rumo a menos de um mês da eleição

De acordo com o cientista político Lucas de Abreu Maia, doutorando na Universidade da Califórnia e especializado em política americana, a expectativa é de que o evento tenha um tom menos agressivo do que o debate entre Trump e Biden, em 29 de setembro. 

— Mesmo que o Pence seja ainda mais conservador do que Trump e seja ideologicamente mais extremo, ele tem mais traquejo político do que o presidente. A gente espera que haja uma mudança de tom em comparação com o debate passado, e que esse seja um enfrentamento mais cortês — explica Maia. 

Como atual vice, Pence está à frente da força-tarefa da Casa Branca no combate à Covid-19 — o que dá abertura aos democratas para o questionarem sobre a resposta do governo à pandemia. Hoje, os Estados Unidos são o país com os maiores números da Covid-19: mais de 210 mil pessoas morreram e 7,4 milhões foram infectadas.

O professor de Relações Internacionais da FGV e da FAAP Vinicius Vieira acredita que Harris, que é senadora, ex-promotora e ex-procuradora da Califórnia, não deixará passar a oportunidades de fazer críticas duras aos republicanos, principalmente por causa de seu perfil mais inquisitivo. 

— O debate é uma oportunidade para que cada campanha explore os pontos fracos do adversário. E Harris é conhecida por ser uma debatedora muito forte, alguém que sabe dobrar uma pessoa, até por ela já ter sido procuradora-geral da Califórnia. 

Embora haja grande expectativa em torno do debate, Vieira pondera que isso não terá uma influência grande na disputa presidencial, pois outros fatores vistos nesta eleição foram mais determinantes para resultado da votação. Ele cita, entre esses eles, o apoio de bases eleitorais minoritárias, as modalidades de voto e os questionamentos sobre a lisura do próprio pleito.

— Além disso, debate serve mais para que os candidatos reafirmem suas posições, do que para atrair indecisos, que hoje giram em torno dos 9% e 10%. Principalmente porque o debate acontece em nível nacional e o que importa mais, nesse ponto da corrida, são as ações que cada campanha vai tomar nos estados considerados cruciais para a disputa — acrescenta Vieira.

 

Deixe sua Opinião