Postado às 16h26 | 14 Jul 2021
Presidente Jair Bolsonaro. Foto: Adriano Machado/Reuters
Estado
A Secretaria Especial de Comunicação da Presidência da República informou em nota que o presidente Jair Bolsonaro será levado a São Paulo para realização de exames, cujos resultados indicarão se há necessidade de procedimento cirúrgico 'de emergência'. Exames realizados no Hospital das Forças Armadas constataram obstrução intestinal decorrente do atentado a faca sofrido por Bolsonaro em 2018.
O médico Antônio Luiz Macedo, responsável por operar o presidente em 2018 após a facada de que foi vítima durante a campanha eleitoral, o acompanhará na viagem. Ele foi chamado às pressas para avaliar o presidente e viajou a Brasília após Bolsonaro dar entrada no Hospital das Forças Armadas na madrugada desta quarta-feira, 14, após sentir dores abdominais.
Em função dos problemas médicos de Bolsonaro, foi cancelada a reunião que estava marcada entre os presidentes dos Poderes Judiciário, Executivo e Legislativo prevista para esta quarta-feira, 14. O encontro com Arthur Lira (Câmara), Rodrigo Pacheco (Senado) e Luiz Fux (Supremo Tribunal Federal) será reagendado.
“O Presidente da República, Jair Bolsonaro, por orientação de sua equipe médica, deu entrada no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, nesta quarta-feira (14) para a realização de exames para investigar a causa dos soluços. Por orientação médica, o presidente ficará sob observação, no período de 24 a 48 horas, não necessariamente no hospital. Ele está animado e passa bem”, informou a Secretaria Especial de Comunicação Social, por meio de nota.
O ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, disse, em suas redes sociais, que o presidente Bolsonaro "está bem" e vai ficar "apenas em observação" após realizar alguns exames. "Graças a Deus, nosso Presidente está bem", escreveu Ramos, no Twitter. "Agradeço o carinho dos brasileiros e me junto a eles nas frequentes orações por @jairbolsonaro", completou. O ministro ainda desejou "força" ao presidente e disse que o Brasil "precisa e muito da sua coragem e liderança."
Desde a semana passada, o presidente vinha se queixando de uma crise de soluços. O incômodo ficou claro na live semanal da última quinta-feira. Na ocasião, Bolsonaro chegou a pedir desculpas logo no início da transmissão. "Peço desculpas. Estou há uma semana com soluços, talvez eu não consiga me expressar adequadamente nesta live", explicou
Bolsonaro passou por algumas cirurgias em decorrência da facada da qual foi vítima durante sua campanha eleitoral em 2018. A primeira foi feita ainda na Santa Casa de Juiz de Fora, no interior de Minas Gerais, logo após ser atingido por Adélio Bispo em ato de campanha em 6 de setembro de 2018. Depois, o então candidato foi transferido para o Hospital Albert Einstein e passou a ser acompanhado pelo cirurgião Antonio Luiz Macedo.
As primeiras informações dão conta de que há possibilidade de o presidente vir a passar por um novo procedimento cirúrgico, o que já estava previsto e que decorre da facada que Bolsonaro levou em 2018. Esse procedimento, que teria o objetivo de corrigir uma hérnia, ainda não está confirmado.
O encontro que Bolsonaro teria hoje com os líderes dos Poderes tinha a missão de sinalizar um “acordo de paz” entre o Executivo, Legislativo e Judiciário, depois de dias turbulentos causados por sucessivas declarações do presidente, que atacou membros da CPI da Covid e o ministro do STF Luís Roberto Barroso.
Todos os compromissos oficiais, incluindo os previstos para esta quinta-feira, 15, estão cancelados. Há expectativa de que um boletim médico seja divulgado em breve.
Segundo Bolsonaro afirmou em entrevista à rádio Guaíba, na quarta-feira, 7, a origem dos soluços teria sido causada por remédios tomados por ele após um implante dentário. "Estou com soluço há cinco dias. Fiz uma cirurgia para implante dentário no sábado. Talvez em função dos remédios que eu estou tomando, estou 24h por dia com soluço", disse.
Um dos primeiros registros do presidente durante crise de soluço foi feito no último dia 5, em agenda para assinatura da prorrogação do auxílio emergencial. Ao lado do presidente do Senado e dos ministros Luiz Ramos (Casa Civil) e Paulo Guedes (Economia), Bolsonaro engasga por causa da condição em vários momentos da fala.
Um dia após a live em que pediu desculpas pelos soluços, Bolsonaro voltou a ter dificuldade para discursar em Caxias do Sul, no dia 9 de julho, quando participou inauguração da 1ª Feira Brasileira do Grafeno. Nos primeiros dois minutos da fala, o presidente soluçou ao menos sete vezes. Por conta da dificuldade de fala apresentada por Bolsonaro, um copo com água foi servido ao chefe do Executivo durante o discurso, que durou cerca de 11 minutos.
Horas mais tarde, em um jantar com empresários num restaurante na cidade de Bento Gonçalves, Bolsonaro se sentiu mal e precisou abandonar o encontro.
Na última segunda-feira, 12, em conversa com apoiadores nas saída do Palácio do Alvorada, o presidente soluçou ao menos seis vezes apenas no primeiro minuto de fala sobre os protestos em Cuba.
Na noite de ontem, novamente em conversa com apoiadores, Bolsonaro voltou a reclamar das contrações involuntárias no diafragma. O presidente chegou a dizer que estava "arrebentado" e "sem voz". "Pessoal, eu estou sem voz, pessoal. Se eu começar a falar muito, volta a crise de soluço. Já voltou o soluço".
A uma apoiadora, Bolsonaro chegou a dizer que encontrou um "macete" para solucionar o problema. A solução, segundo ele, seria "tomar água com o copo invertido".
"Achei um macete de (parar o) soluço. Testei duas vezes hoje e deu certo. Tomar água com o copo invertido. Dá certo. Eu estava hoje, eu estava arrebentado. Fui para o banheiro e (faz gesto de beber água). Agora, a gente começa a tomar a água aqui (aponta para a boca) e sai pelo nariz. Acabou de tomar, na hora, duas vezes", disse. O ensinamento teria sido repassado por "um colega de Marinha."