Postado às 04h45 | 11 Set 2020
O presidente Jair Bolsonaro disse na noite desta quinta-feira, 10, que não vai interferir no mercado ao comentar o aumento do preço do arroz. “Por que aumentou o preço do arroz? Tem mais ou menos 10 anos que têm prejuízo no arroz. Como faz? Posso tabelar? Não pode. Mexe no mercado e fica pior. Não vou interferir no mercado, tem que valer a lei da oferta e procura”, disse Bolsonaro.
O presidente afirmou que autorizou a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) a notificar supermercados pela alta de preços de alimentos da cesta básica
Em sua tradicional live semanal, Bolsonaro disse que foi consultado por André Mendonça, ministro da Justiça, pasta à qual a secretaria está subordinada. “André Mendonça falou comigo: ‘posso botar a Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor para investigar, perguntar para supermercados por que o preço subiu?’ Eu falei ‘pode’. E ponto final. Porque, ao chegar a resposta, pode ser que o errado somos nós. Pode ser o governo, daí o governo toma providência e ponto final”, disse Bolsonaro.
Auxílio emergencial
O presidente também confirmou que não vai prorrogar novamente o auxílio emergencial após o fim do ano. No começo do mês, Bolsonaro anunciou a extensão do auxílio por meio de medida provisória. O valor das parcelas que serão pagas até dezembro é de R$ 300. “Se não trabalhar, não come, não é isso? A gente lamenta, eram três meses, nós prorrogamos para mais dois, cinco meses, e agora acabou. Criamos um outro auxílio emergencial, não mais de R$ 600, mas de R$ 300. Não é porque quero pagar menos não. É porque o Brasil não tem como se endividar mais. Não vai ter uma nova prorrogação porque o endividamento cresce muito, o Brasil perde muito, perde confiança, juros podem crescer, pode voltar a inflação.”, afirmou.
De maneira irônica, Bolsonaro recomendou que aqueles que desejam receber auxílio por mais tempo procurem prefeitos e governadores que restringiram o funcionamento do comércio como uma maneira de minimizar a transmissão do novo coronavírus. “Não quero culpar ninguém não, mas vão pedir auxílio para quem tirou seu emprego, né, para quem falou ‘fique em casa’. Fique em casa, o Brasil todo parou. ‘Fique em casa, a economia a gente vê depois’. Chegou o boleto para pagar”.
Ao lado de uma youtuber mirim, a menina Esther Castilho, de 10 anos, que se autointitula “repórter e apresentadora”, Jair Bolsonaro fez piadas sobre gordos e misoginia. Em conversa com a garota, o presidente disse que viu na internet que era “dia do gordinho” e brincou com o sobrepeso do assessor especial da Presidência Tércio Arnaud.
“Estou vendo o Tércio aqui, que deve pesar o que? Umas sete arrobas, né, Tércio? Eu estou vendo aqui na internet que hoje é dia do gordinho. É verdade? O gordinho pode salvar sua vida? Como?”, questionou o presidente, dirigindo a pergunta a Esther. A youtuber respondeu: “Ah, tipo assim: surge um urso, aí ele corre, corre, corre. Quem vai correr mais?”. Bolsonaro rebateu: “Você que é magrinha, o urso vai pegar o gordinho e vai salvar sua vida. Se for comer o Tércio o urso vai passar mal. É muita gordura.”, completou, aos risos.
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O chefe do Planalto também lembrou de uma ocasião na qual foi acusado de ser misógino e admitiu que, na primeira vez que ouviu o termo, que significa horror ou aversão às mulheres, pediu a um assessor para pesquisar na internet. “Eu confesso. A primeira vez que gritaram ‘misógino’ para mim eu não sabia. Tinha um assessor do lado: ‘pega aí, rapidinho na internet o que é misógino para saber se estou sendo xingado ou elogiado’.”
O presidente afirmou ainda que vai lançar uma enquete no Facebook para decidir se vai sancionar ou não a proposta que aumenta a pena para maus tratos contra cães e gatos, aprovada nesta quarta-feira, 9, pelo Congresso. “O que eu pretendo fazer, vou colocar no meu Facebook o texto da lei para o pessoal fazer comentários. Só deixo avisado, quem for para a baixaria é banimento. Pode reclamar, a pena é excessiva, é grande, tem que sancionar, tem que vetar. Porque não é fácil tomar uma decisão como essa daí”.
Em seguida, Bolsonaro pediu a opinião da youtuber mirim que o acompanhou na live. “Dá para você entender o que são dois anos de cadeia porque uma pessoa maltratou um cachorro? A pessoa tem que ter uma punição, mas dois anos… Dois a cinco anos?”, comentou Bolsonaro.
A menina de dez anos não concordou, dizendo achar pouco. “Eu acho que é muito pouco (a pena), viu. A gente tem que cuidar do animal, não tem que maltratar ele”, disse Esther. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, também tem feito campanha nas redes sociais pela sanção.
Atualmente, a legislação prevê detenção de três meses a um ano e multa para maus-tratos contra animais e, se a agressão resultar em morte, a punição é aumentada de um sexto a um terço. Com o projeto, quando se tratar de cão ou gato, a pena será de dois a cinco anos de reclusão, multa e proibição da guarda. O projeto depende apenas da sanção de Bolsonaro para virar lei.