Postado às 04h34 | 26 Mai 2020
O presidente Jair Bolsonaro divulgou nesta segunda-feira uma nota em que diz serem “levianas” as informações de que teria interferido na Polícia Federal e acreditar no arquivamento do inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar o caso.
"Nunca interferi nos trabalhos da Polícia Federal. São levianas todas as afirmações em sentido contrário. Os depoimentos de inúmeros delegados federais ouvidos confirmam que nunca solicitei informações a qualquer um deles. Espero responsabilidade e serenidade no trato do assunto", disse o presidente.
"Por questão de Justiça, acredito no arquivamento natural do Inquérito que motivou a divulgação do vídeo. Reafirmo meu compromisso e respeito com a Democracia e membros dos Poderes Legislativo e Judiciário.”
Procuradores: Bolsonaro pode ter cometido crime de advocacia administrativa
Bolsonaro também usou a nota para pregar a harmonia entre os Poderes e afirmar seu “compromisso e respeito com a democracia e membros” do Legislativo e do Judiciário.
“É momento de todos se unirem. Para tanto, devemos atuar para termos uma verdadeira independência e harmonia entre as instituições da República, com respeito mútuo”, diz.
O documento é divulgado no dia seguinte ao presidente ter publicado, em suas redes sociais, um trecho da lei de abuso de autoridade — gesto lido como um ataque ao decano do Supremo, ministro Celso de Mello, relator do inquérito que apura a suposta interferência política de Bolsonaro na PF.
A nota também tem como pano de fundo as declarações feitas pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, na reunião ministerial de 22 de abril.
No encontro, Weintraub disse que, se dependesse dele, colocaria “esses vagabundos todos na cadeia”, começando pelo Supremo.
Weintraub: diz que tentaram 'deturpar' sua fala para 'desestabilizar a Nação'
Celso de Mello autorizou na sexta-feira a divulgação do vídeo da reunião, citada pelo ex-ministro Sergio Moro como prova de interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. O inquérito investiga as acusações feitas por Moro de que o presidente queria interferir pessoalmente na PF, ligar para diretores e superintendentes e ter acesso a relatórios sigilosos.