Postado às 05h24 | 09 Abr 2020
Em novo pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, o presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje que o Brasil irá receber da Índia, até sábado (11), a matéria-prima para produzir a hidroxicloroquina, remédio utilizado para tratamento experimental da covid-19 e também usado no tratamento de doenças como malária, lúpus e artrite. O presidente afirmou que, nos últimos 40 dias, após ouvir médicos, pesquisadores e chefes de Estado de outros países, passou a divulgar a possibilidade de tratamento da covid-19 desde a fase inicial da doença.
Bolsonaro citou a conversa com o médico cardiologista Roberto Kalil que afirmou que usou o medicamento e também o prescreveu para dezenas de pacientes. “Todos estão salvos. Disse-me mais: que, mesmo não tendo finalizado o protocolo de testes, ministrou o medicamento agora, para não se arrepender no futuro. Essa decisão poderá entrar para a história como tendo salvo milhares de vidas no Brasil. Nossos parabéns ao doutor Kalil”, comentou.
Ontem, o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, lembrou que o medicamento tem protocolo para usos em casos moderados e graves e não há impedimentos para ser receitado pelos médicos, mas ressaltou que o ministério precisa de mais comprovações científicas antes de adotar um uso ampliado. “Precisamos de um pouco mais de evidência científica para isso. Agora, se o médico, da impressão que ele tem, da pouca literatura que existe, mas se ele na sua crença médica quiser, pode fazer da sua responsabilidade individual, pode fazer até um termo de consentimento para o paciente”, disse o ministro, que sempre lembra os efeitos colaterais da cloroquina.
“Agora, o ministério, para adotar como medida horizontal, que é a proposta que ouvi ontem, quem deve analisar é o pessoal que está medindo, eles que têm que dar mais certeza ao Ministério da Saúde”, afirmou. A cloroquina está sendo usada em protocolos de pesquisa para tratamento da Covid-19, assim como outros vários medicamentos, de antirretrovirais com interferon e azitromicina. Segundo Mandetta, mais de 5 mil pessoas estão participando desses estudos e os primeiros resultados devem sair até o final deste mês.
Empregos - Bolsonaro reafirmou que o objetivo principal do governo “sempre foi salvar vidas” e, após se solidarizar com as famílias de pessoas que morreram por causa do novo coronavírus, disse que há dois problemas a serem resolvidos e que devem ser tratados simultaneamente: o novo coronavírus e o desemprego.
Entre as medidas de estímulo à economia adotadas pelo governo, o presidente citou o pagamento que começa a ser feito amanhã (9) de R$ 600, por três meses, de auxílio emergencial para trabalhadores informais, desempregados e microempreendedores.Ele destacou também a isenção do pagamento da conta de energia elétrica a 9 milhões de famílias beneficiárias da tarifa
social, também por três meses meses, e a liberação de R$ 60 bilhões de capital de giro para pequenas empresas e construção civil por meio da Caixa Econômica Social.
O presidente citou ainda o saque, previsto para começar em junho, de até R$ 1.045 para quem tem conta do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). "Os beneficiários do Bolsa Família, que são quase 60 milhões de pessoas, também receberão um abono complementar do auxílio emergencial", destacou.
Isolamento social - Sobre as medidas de isolamento social estabelecidas por governadores e prefeitos, o presidente falou que em nenhum momento o governo federal foi consultado sobre a amplitude ou duração das ações. "Respeito a autonomia dos governadores e prefeitos. Muitas medidas, de forma restritiva ou não, são de responsabilidade exclusiva dos mesmos", completou. O presidente disse ter certeza de "que a grande maioria dos brasileiros quer voltar a trabalhar". "Esta sempre foi minha orientação a todos os ministros, observadas as normas do Ministério da Saúde”, destacou. .
Citando o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, Bolsonaro disse que as soluções para a pandemia variam de país para país e ressaltou que os mais pobres precisam trabalhar para garantir a alimentação. “Os mais humildes não podem deixar de se locomover para buscar o seu pão de cada dia. As consequências do tratamento não podem ser mais danosas que a própria doença. O desemprego também leva à pobreza, à fome, à miséria, enfim, à própria morte”, disse.
Bolsonaro disse que decide as questões de país de ”forma ampla” usando a equipe de ministros. "Todos devem estar sintonizados comigo.