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Biden é favorito, mas Trump tem chance de vencer. O que as pesquisas nos EUA mostram neste momento

Postado às 03h47 | 02 Nov 2020

El País

O prognóstico que está sendo atualizado pelo EL PAÍS aponta Joe Biden como o grande favorito. As previsões dão ao democrata 85% de chance de vitória, em comparação com 15% de Donald Trump. Estas são as chaves para entender os dados principais.

As opções de Trump são inferiores às que tinha em 2016, quando se impôs de surpresa. Quatro anos atrás, Hillary Clinton tinha 3,8 pontos percentuais de vantagem nas pesquisas, margem esta que caiu para apenas dois pontos e a candidata perdeu a eleição. Esse evento pode se repetir? Claro. Mas seria uma surpresa ainda maior: a vantagem de Biden é o dobro, quase nove pontos. Além disso, o número de indecisos se reduziu. Na época, 12% não havia decidido votar em Clinton ou Trump, mas agora são apenas 5%.

Na véspera da eleição de 2016, as pesquisas da FiveThirtyEight davam a Trump uma chance de 29% de vitória, um percentual agora reduzido para 10%. É algo para ser lido com sutileza: significa que outra vitória republicana seria uma surpresa ainda maior — três vezes mais rara — mas ainda assim uma possibilidade. Pode acontecer.

Um evento de probabilidade de 10% ou 15% não é de todo impossível. Se você acordar uma manhã sem saber que dia é, a chance de ser uma segunda-feira é tão provável quanto uma vitória de Trump. São números semelhantes a um pênalti: se você é um eleitor democrata, deve se sentir como o arremessador (esperançoso, mas amedrontado) e se você é um republicano, como o goleiro (não é fácil, mas você não está perdido). Essa incerteza é desagradável, mas essa é a natureza da escolha.

Além disso, nem todas as previsões chegam a um consenso. Para fazer o prognóstico do EL PAÍS, quatro fontes foram combinadas: dois modelos baseados em pesquisas, as previsões de um grupo de especialistas e o mercado de apostas. Os modelos das pesquisas são os mais decisivos: dizem que Biden tem 90% e até 95% de chance de ganhar. O grupo de especialistas é mais cauteloso, suas previsões coincidem com a média e dão 85% de chances ao democrata.

A previsão mais divergente é a das apostas. Pelos preços fixados, deduz-se que Trump teria uma escolha entre três para ser reeleito como presidente (36%). Existem muitos mais — para as apostas, na verdade, a vitória de Trump não seria uma surpresa. O mercado de jogos de azar está muito atento ao resultado de 2016 e desconfia das pesquisas. O mesmo ocorreu nas eleições presidenciais francesas de 2017. As pesquisas da época diziam que Marine Le Pen tinha poucas chances de ganhar, mas havia passado somente alguns meses desde as vitórias do Brexit e de Trump, e muitas pessoas pensaram que as pesquisas não estavam captando o voto populista. Na ocasião, as apostas estavam equivocadas e as pesquisas foram precisas.

Mas onde estão as opções de Trump? Existem vários estados-chave que podem mudar de mãos ou são representativos. Se um resultado pudesse ser previsto, seria melhor perguntar por Wisconsin. Se Biden ganhar lá, suas chances de ser presidente sobem para 19 em 20, de acordo com o modelo estatístico da FiveThirtyEight. Mas se Trump surpreender e levar este estado, ele se tornaria o favorito com cinco opções em seis de vitória. Algo semelhante acontece com a Pensilvânia, Michigan, Minnesota ou Nevada.

A vitória de Trump passa por gerar uma grande surpresa — que por definição, não se pode adiantar — ou seguir por um caminho estreito. Ele precisa da Flórida primeiro, quase por obrigação, onde está alguns pontos atrás de Biden. Em seguida, ele deve garantir a vitória onde é o líder — Texas, Iowa, Ohio — e prevalecer em territórios disputados, com Geórgia e Carolina do Norte. Uma vez lá, para completar essa soma há duas alternativas: repetir o caminho de 2016 e ganhar alguns estados do cinturão industrial (Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Minnesota) ou surpreender no oeste (Arizona, Nevada, Novo México, Colorado). Nenhum dos caminhos é fácil e por isso o favorito é Biden — ele não precisa que nada de especial aconteça.

Cuidado com os relatos simplificados. Na quarta-feira haverá um resultado determinado e veremos pequenas mudanças no eleitorado para explicá-lo: leremos (e escreveremos) que os subúrbios mudaram de cor, que a Pensilvânia se tornou democrata ou que os brancos que não fizeram faculdade voltaram a votar em Trump. Mas você deve se lembrar que muitas coisas não mudarão. A grande maioria dos que votaram em Trump votará nele novamente. Sabemos pelas pesquisas. Se apenas 90% dos que votaram nele repetirem o voto, o republicano provavelmente perderá a presidência, mas a maior parte de seus eleitores ainda estará lá. Os americanos não mudaram completamente suas ideias quando votaram em Trump para substituir Barack Obama, mas também não o farão agora, mesmo que escolham Biden. Os países não viram de cabeça para baixo de um dia para outro.

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