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As primeiras imagens em cores de Marte feitas pela nave ‘Perseverance’

Postado às 06h32 | 20 Fev 2021

Aterrissagem do 'Perseverance' em Marte, nesta quinta.NASA/JPL-Caltech HANDOUT / EF

El País

Equipamento do veículo de exploração da NASA publica várias panorâmicas do planeta vermelho da cratera Jezero, onde se acredita que já existiu um lago há milhões de anos

Marte já tem cor. O equipamento do veículo de exploração Perseverance publicou as primeiras imagens com diferentes tonalidades do planeta vermelho da cratera Jezero. A maior missão de exploração a Marte da história pousou no planeta por volta das 18h de Brasília de quinta-feira com o objetivo de encontrar rastros de vida no que foi o leito de um lago há milhões de anos. É a missão mais ambiciosa da NASA até hoje. “Eu ainda não acredito; entrar em Marte a 20.000 quilômetros por hora e que nada tenha sido danificado é surpreendente”, disse a diretora de voo da missão, Diana Trujillo.

“O Perseverance está vivo na superfície de Marte”. Assim foi anunciado na sala de controle da agência espacial dos EUA a aterrissagem do veículo em uma cratera do hemisfério norte do planeta, entre aplausos da equipe da missão. O Perseverance —um prodígio da técnica de uma tonelada desenvolvido pelos EUA em conjunto com outros países europeus, incluindo a Espanha— é um carro de seis rodas equipado com sete instrumentos científicos. É o veículo mais pesado, complexo e caro que a NASA enviou à superfície de Marte: por volta de 2,2 bilhões de euros (14 bilhões de reais). De acordo com a diretora de voo da missão, o aparelho tem toda a tecnologia necessária para encontrar rastros de vida microbiana de bilhões de anos na cratera. “É um local especial porque tudo indica que lá desembocou um rio. É uma cratera de aproximadamente 45 quilômetros de diâmetro. Olhando as fotos aparece como um leque, como um lugar em que a água e os sedimentos se espalharam”, diz Trujillo.

O objetivo da missão é procurar sinais de vida microbiana antiga, coletar e trazer amostras de rocha e regolito (rocha não consolidada e pó), caracterizar a geologia e o clima de Marte e aplanar o caminho à exploração humana in situ. A missão oficial durará pouco menos de dois anos, ainda que provavelmente dure muito mais. “O que vamos fazer nas primeiras duas semanas são checagens para ver se nada do robô foi danificado. Quando comprovarmos que todos os sistemas funcionam perfeitamente, começaremos a percorrer a cratera para recolher amostras para trazê-las à Terra, estudá-las e definir de uma vez por todas se existiu vida”, diz Trujillo.

“Acreditamos que os melhores locais para procurar marcadores de vida em Jezero serão o fundo do lago e as margens, onde podem existir minerais carbonatados, que costumam conservar muito bem certos fósseis”, diz Ken Williford, um dos cientistas da missão, em comunicado de imprensa da NASA. “Mas devemos lembrar que procuramos micróbios primitivos em um mundo alienígena”, frisa Williford.

A nave tem câmeras que gravaram a chegada ao planeta vermelho e também microfones que registram o som do planeta. A equipe científica e técnica demorará pouco mais de um mês para comprovar que todos os sistemas do Perseverance funcionam corretamente antes de começar a fase de operações. Desta vez a NASA deu a seu veículo um modo de movimento rápido que lhe permitirá cobrir muito mais distância em pouco tempo.

Um dos objetivos principais dentro da cratera Jezero será o antigo delta formado pelo rio que desaguava na grande lagoa. Se tudo correr bem, os responsáveis pela missão querem visitar a área da cratera pela que entrava o antigo rio e, depois, ir à outra região do vão pela qual as águas saíam. São os lugares mais interessantes em que ainda podem estar moléculas orgânicas e minerais que podem provar que houve vida em Marte.

O Perseverance irá preparar o terreno para um objetivo futuro mais ambicioso: trazer pela primeira vez terra e rochas de Marte. O carro está equipado com um sistema para selecionar as amostras mais interessantes, selá-las em um contêiner metálico e deixá-las na superfície. No futuro, outras missões irão recolhê-las. A razão é simples: por mais avançados que sejam os instrumentos a bordo do veículo, demonstrar sem sombra de dúvida que foram encontrados fósseis e rastros de vida é uma tarefa que só pode ser feita na Terra.

 

 

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