Postado às 04h35 | 14 Set 2020
A decisão anunciada pelo governo Donald Trump, de liberar todos os aeroportos dos Estados Unidos para voos oriundos do Brasil a partir desta segunda-feira, não significa que a entrada no país está liberada para todos os brasileiros. Restrições por conta da pandemia continuam, mas a medida é vista como um avanço no processo de restabelecimento das ligações entre os dois países, que as aéreas esperam voltar ao patamar pré-pandemia em dezembro.
De acordo com especialistas, somente os passageiros que já tinham autorização para ir para os EUA (com green card, visto de residência, pessoas casadas com cidadãos americanos e filhos de americanos, entre outros) podem continuar voando para os EUA.
A diferença é que eles vão poder desembarcar em qualquer um dos aeroportos. Antes, o desembarque estava restrito a 15 aeroportos, com centros médicos maiores e procedimentos mais rígidos.
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Enquanto isso, as empresas aéreas começam a se programar e retomar suas operações. A expectativa é que o volume de trechos entre Brasil e Estados Unidos volte ao patamar pré-pandemia já em dezembro deste ano entre algumas companhias.
- Não é qualquer brasileiro que pode ir para os EUA, só quem já tinha autorização. A decisão envolve ainda voos oriundos de outros países como os da União Europeia, China, Irã, Reino Unido e Irlanda. Isso aconteceu por uma mudança de entendimento dos EUA de que agora já se sabe mais sobre a Covid-19. Por isso, o foco agora passa a ser na prevenção, com base na informação - explica o advogado Jusuvenne Zanini, do escritório oN. Tomaz Braga & Schuch.
Segundo Zanini, apesar de não gerar mudanças, a decisão é importante para o início do processo de retomada das empresas:
- Não vejo uma mudança significativa para o brasileiro entrar nos EUA. Mas, sem dúvida, é mais um passo para que as fronteiras sejam abertas. E não só com os Estados Unidos, mas com outros países.
Ele continua:
- A decisão dos EUA é emblemática, mas não é uma mudanca significativa. É mais uma porta que se abre para uma mudança maior que deve chegar a curto e médio prazos. E isso ocorre por uma questão de necessidade de retomar a economia e o setor aéreo. Muitos países vivem do turismo.
As empresas aéresa estão voltando a se planejar de forma gradual, já que a decisão de Trump agora é apenas uma sinalização, diz um outro especialista no setor, que prefere não ser identificado. Brasil e Estados Unidos ainda figuram entre os países com maior número de infecções e mortes de pacientes por Covid-19.
A restrição americana a voos saídos do Brasil começou no dia 28 de maio, dias depois de o país ultrapassar a Rússia e se tornar o segundo com mais casos da Covid-19, depois dos Estados Unidos. Outros países, como a China e as nações europeiais, já a enfrentavam desde antes.
Segundo Zanini, mais de 40 países já têm as fronteiras reabertas para os brasileiros. Ele destacou que algumas nações pedem exames recentes de Covid ou exigem isolamento de 14 dias:
- Alguns têm requisitos mais duros e outros menos, mas já estão abrindo - disse Zanini.
Enquanto isso, as empresas aéreas começam a se programar. A Delta já está voando quatro vezes por semana na rota São Paulo-Atlanta, frequência que voltou à ativa em agosto e que, segundo o planejamento da empresa, deve aumentar para cinco vezes em novembro e voltará a ser diário em dezembro.
Em outubro, deve ser retomado o serviço entre São Paulo e Nova York-JFK e, em dezembro, o Rio de Janeiro-Atlanta.
Com o retorno desses três voos até dezembro, a Delta diz que vai voltar a operar as rotas entre Brasil e Estados Unidos que oferecia antes da pandemia.
Sobre a remarcação de passagens, a companhia está isentando os passageiros de voos internacionais do pagamento de taxa de alteração para novos bilhetes adquiridos até dezembro deste ano. E tudo pode ser feito pelo site ou pelo seu aplicativo.
A LATAM disse que está retomando gradualmente os seus voos domésticos e internacionais. A empresa destacou que "avalia constantemente a sua malha aérea para enfrentar os impactos causados pela pandemia de Covid-19".
Atualmente, a companhia opera voos nas rotas São Paulo/Guarulhos-Miami às segundas, quartas, quintas, sextas e sábados. A partir do dia 28 de setembro também haverá voos no domingo.
Já o trecho São Paulo/Guarulhos-Nova York opera às terças, quintas e domingo. A empresa lembrou que desde março de 2020 mantém flexibilização comercial em todos os seus voos para o cliente prorrogar a data de embarque sem multa, "respeitando a sazonalidade da passagem adquirida".
No caso de voos cancelados, a companhia também diz que isenta a cobrança da diferença tarifária na remarcação.
A Gol também já prepara a retomada internacional dos voos. A companhia aérea diz que hoje não tem confirmação de retorno com datas específicas.
"Contudo, estamos atentos a novas determinações das autoridades e esperamos voltar aos nossos destinos internacionais em 2020", informou a empresa m nota.