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Análise: "Prudência e imprudência no governo"

Postado às 16h36 | 02 Jun 2020

Ney Lopes

A cena política nacional, agitada pelo inusitado diário, mostra diariamente situações ambíguas. Não raro veem-se posições, que envolvem contradições notórias. Como exemplo, a crise gerada pela presumida apreensão de um celular de Bolsonaro e, por último, o anuncio de que o próprio presidente recomenda aos seus correligionários, que sosseguem domingo próximo e deixem a oposição ir às ruas sozinha, para evitar choques. 

No caso do celular, o ministro Augusto Heleno, das relações institucionais, certamente orientado por uma péssima assessoria jurídica, esbravejou, minutos após ter conhecimento, de que o Ministro Celso de Melo teria cumprindo apenas uma formalidade, que era solicitar à PGR pronunciamento sobre pedido feito para apreender os celulares de Bolsonaro e de um dos filhos, o vereador Carlos Bolsonaro.

Em descompasso com a linguagem de um defensor da democracia, o ministro ameaçou em tons claros, que a apreensão do celular do presidente poderia ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional. Desnecessariamente, Bolsonaro chegou a dizer que não entregaria seu telefone, o que seria crime de responsabilidade, por descumprir ordem judicial.

Verdadeira “tempestade em copo d’água”.

Legalmente é praxe a citação da PGR para se pronunciar favorável, contra, ou pedir novas ações no inquérito. Nada havia sido decidido. Entretanto, o fato alvoroçou e se propagou, com protestos veementes. Tudo poderia ter sido evitado.

A novela terminou, com a PGR, dando parecer contra e o Ministro Celso Melo negando o pedido de apreensão. Outro fato é o presidente ter orientado seus apoiadores, a não irem para as ruas no próximo domingo (7), em Brasília, já que está convocada uma manifestação contra o governo. Atitude inegavelmente sensata.

Além de evitar desgaste, elimina riscos de tumultos, danos coletivos e até mortes. Os dois exemplos demonstram, quando a imprudência (apreensão do celular) e a prudência (evitar tumultos) se encontram.

O mínimo que se pede a um governo é que seja sensato nas decisões e sempre tenha o cuidado de afastar a insensatez. Só isto!

 

 

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