Postado às 07h21 | 31 Jul 2022
Ney Lopes
Não é apenas a política interna dos países que guarda absurdas incoerências.
O mesmo ocorre na política internacional, onde prevalecem os interesses acima de valores éticos e humanos.
O maior exemplo na atualidade é o princípio herdeiro Mohammed bin Salman ou MBS, da Arábia Saudita, 36, considerado o homem mais rico do mundo.
O patrimônio pessoal dele é representado, por tudo que o país possui.
É também um déspota, com poderes ilimitados sobre os seus súditos.
Mohamed bin Salman é conhecido por usar medidas violentas para silenciar dissidentes, inclusive no exterior.
A Arábia Saudita forma uma ditadura.
Ao chegar ao poder em 2017, MBS determinou a prisão e tortura de centenas de príncipes e grandes negociantes.
Obrigou todos a relacionarem os seus bens pessoais. Em seguida, extorquiu, cerca de cem bilhões de dólares.
O monarca passou a ser rejeitado no Ocidente, após a morte do jornalista Jamal Khashoggi, assassinado e esquartejado dentro na embaixada da Arábia Saudita em Istambul, em 2018.
Agnès Callamard, secretária-geral da Amnistia Internacional, participou da investigação sobre o homicídio de Khashoggi e confirmou a autoria dos agentes sauditas.
O jornalista era um crítico do governante árabe.
Após passar longo período “isolado”, o monarca voltou a ser aceito pelas democracias ocidentais.
O curioso é que nesta “história das Arábias” o príncipe MBS não seja o supremo mandatário do país.
O rei de fato é Salman bin Abdulaziz, seu irmão, que tem 13 filhos de três casamentos.
O monarca está muito doente (ligado às máquinas para sobreviver) e passou as atribuições do cargo para o príncipe MBS, considerado ” primeiro-ministro “delegado”.
O presidente Bolsonaro antecipou-se nos afagos a MBS, quando em 2019 visitou oficialmente a Arábia Saudita e declarou na ocasião que tinha “afinidade” com Salman.
Após reunião entre os dois, o presidente brasileiro declarou à imprensa: “Todo mundo gostaria de passar uma tarde com um príncipe. Especialmente vocês mulheres, né? ”.
Ultimamente, Salmam visitou a França e foi recepcionado em jantar por Macron.
Joe Biden visitou oficialmente a Arábia Saudita, a pretexto de participar de encontro com lideres árabes.
Tudo significa que Salman está reintegrado ao Ocidente.
A razão maior, alegada pelos países, é que no contexto de guerra na Ucrânia os preços da energia sobem dia a dia.
Neste quadro de verdadeiro “vale tudo” de interesses e ambições, caminha a humanidade.
Nunca foi tão atual a advertência de Einstein, de que “Não se pode manter a paz pela força, mas sim pela concórdia”.