Postado às 06h47 | 30 Set 2021
Ney Lopes
A Venezuela é uma país mergulhado no caos.
Nova Pesquisa de Condições de Vida mostra 94,5% da população vivendo na pobreza, sendo 76,6% abaixo da linha de pobreza extrema.
Enquanto isso, o governo Maduro nutre uma elite militar com salários altíssimos para manter-se no poder.
Os dados mostram que as medidas do Governo contra a covid-19 acabaram aumentando a crise.
As iniciativas para frear a pandemia, em um país com uma circulação do vírus semelhante ao que é visto em nações mais isoladas, custaram às crianças um ano e meio fora das salas de aula e levaram à paralisação de parte do setor produtivo.
O desemprego já afeta 8,1 milhões, que não têm trabalho nem incentivos para trabalhar.
Os que trabalham são 7,6 milhões, ao passo que quase a metade deles gostaria de trabalhar mais horas.
Grande parte do país cortou quatro horas da sua jornada, Em termos de pobreza, estima-se que 10% dos venezuelanos concentrem 40% da renda nacional.
O maior problema da Venezuela hoje não é a desigualdade, e sim a paralisação da produção e a violenta redução na entrada de divisas, de 90 bilhões de dólares em 2012 para 5 bilhões em 2020.
A pirâmide populacional do país foi afetada pelo impacto da migração, com os que foram embora e o aumento da mortalidade infantil, chegando a 25,7 por cada 1.000 nascidos vivos, a mesma de 30 anos atrás.
A população venezuelana diminuiu 1,1% na última meia década, totalizando 28,7 milhões, tornando um país mais empobrecido e menor em termos demográficos.
A pandemia fez com que a cobertura educacional caísse em cinco pontos em apenas um ano, e quase metade das crianças não tem mais acesso à educação básica.
Em todos os níveis houve diminuição, mas na educação inicial e universitária —que já vinha caindo— se registrou uma grande baixa.
A Venezuela é um dos poucos países que não voltaram às aulas presenciais nenhuma vez desde março de 2020, quando a pandemia eclodiu.
Este é o retrato atual de uma nação que era a maior produtora da América Latina, ganhando cerca de US$ 90 bilhões por ano com as exportações de petróleo.
Era o quarto maior PIB per capita do planeta nos anos 50.
Entre 1981 e 1983 os preços do petróleo começaram a cair, com as exportações de petróleo também caindo de US$ 19,3 bilhões para US$ 13,5 bilhões.
Neste cenário de caos, Hugo Rafael Frias Chávez com estilo populista e colocando-se como salvador da Pátria.
Aí começou o caos, atualmente prosseguido por Maduro o seu sucessor.
Os dirigentes do país afastaram-se da democracia e destruíram a economia.
Infelizmente, hoje a Venezuela nada mais é do que um um triste exemplo de governabilidade na América Latina e no mundo.
O mais grave: não há sinais de recuperação.