Postado às 05h23 | 17 Set 2020
Ney Lopes
Ao invés de 6% a economia mundial deverá encolher 4.5% em 2020, segundo previsão da OCDE.
Se a recuperação continuar sem novos problemas, a economia mundial deverá crescer 5% em 2021. Em nosso país a perda no PIB seria de 7.4% e passou a ser de 6.5% menor do que 2019. Não há motivo para a euforia, porém a tragédia da pandemia encontra caminhos de recuperação.
Sempre foi assim nas crises globais.
No período mais crítico da “Grande Depressão” americana (1929 a 1933), os efeitos da crise foram diminuindo após a intervenção do Estado na economia com o “New Deal” (Novo Acordo). O Presidente Roosevelt determinou emissões monetárias, grandes obras públicas, estradas (estimulando o emprego), e reativou o consumo, o que possibilitou o reaquecimento da economia estadunidense.
Se os atuais seguidores do “tzar” da economia brasileira opinassem à época, diriam que Roosevelt seria “gastador”, “irresponsável”, sem preocupação de estabilidade fiscal. Uma coisa é “esbanjar” dinheiro público, outra coisa é concentrar “benesses” e “benefícios”, sob o pretexto de que é necessário primeiro a economia crescer, à custa de sacrifícios dos mais pobres.
Até Delfim Neto já refez o seu antigo conceito, de ser “necessário o bolo crescer para depois dividir”. Essa preocupação deve ser simultânea.
O Fórum de Davos, símbolo do capitalismo, divulgou recentemente que “"é necessário haver um novo contrato social focado na dignidade humana e na justiça social, de forma que o progresso da sociedade não fique para trás do desenvolvimento econômico", O fundador do Fórum, Klaus Schwab disse que a pandemia atual deixou clara a falta de sustentabilidade do sistema antigo em termos de coesão social, falta de oportunidades e inclusão.
Trocando em miúdos, a economia global terá que acumular riqueza e dividi-la, de forma equânime.
Não há mais espaço para teorias contrarias do tipo Milton Friedman.
Com a luz surgida na escuridão, já se pode ser otimista na recuperação econômica da pós pandemia.
Para que o Brasil se insira nesse otimismo, será necessário que o Presidente tenha sempre em mãos o “cartão vermelho”.