Postado às 06h08 | 29 Jul 2022
Ney Lopes
Pode-se considerar como inquietante para o xadrez estratégico mundial, pelo que se sabe até agora, a conversa ontem, 28, por telefone, dos presidentes da China, Xi Jinping e dos Estados Unidos, Joe Biden.
Durante cerca de duas horas, os chefes de Estado das duas maiores potências econômicas mundiais falaram sobre as interferências americanas em Taiwan.
A relação bilateral Estados Unidos e China está hoje em um dos piores momentos das últimas décadas.
A ilha reivindica independência, mas o governo chinês sustenta o princípio de "um país, dois sistemas" para manter o território sob controle.
Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista tomar o poder no continente em 1949, assume-se como República da China, e funciona como uma entidade política soberana.
No entanto, Pequim considera Taiwan uma província sua e ameaça usar a força caso a ilha declare independência.
Nos últimos anos, as incursões de aviões militares chineses na zona de defesa aérea da ilha intensificaram-se.
Foi duríssima a conversa entre Biden e Xi.
O líder chinês disse sem meias palavras: “Aqueles que brincam com fogo só vão se queimar. Espero que os EUA possam ver isso claramente".
E adiantou: “"Somente respeitando fielmente a política de 'Uma só China' e opondo-se à independência de Taiwan podemos ter uma reunificação pacífica”.
Para o bom entendedor, meias palavras bastam.
A declaração de Xi remete às constantes investidas do Pentágono no estreito de Taiwan e no Mar do Sul da China, assim como as declarações do chefe da Casa Branca de apoio aos governantes taiwaneses.
O clima é tenso, por envolver duas nações, que concentram a maior soma de poder bélico e econômico no mundo.
Trocando em miúdos, no caso da guerra da Ucrânia, apesar do seu apoio tácito, a China não presta apoio militar à Rússia.
Significa dizer, que os americanos podem ter relações com Taiwan, mas não peguem em armas para defender a ilha e torná-la independente.
Só resta aguardar os próximos capítulos.