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Análise: "Tríplice crise – sanitária, política e econômica"

Postado às 01h50 | 05 Jun 2020

Ney Lopes

Agrava-se a tripla crise de saúde, economia e política no Brasil. Hoje, 4, o “Estado de São Paulo” registra: “Não tenho o que fazer. Ela vai entrar aqui para morrer". A frase é dita por uma médica na porta de entrada da Urgência e Emergência do Hospital, em São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal.

O mesmo quadro se repete na Região Metropolitana Natal, cujos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para os casos grave da infecção, estão 95% lotados. Essa Região é composta por 15 municípios e quase 1,7 milhão de habitantes.

No RN, as perspectivas do desconfinamento estão distantes. Para que isso ocorra será necessário o planejamento de um sistema para testar casos suspeitos, rastrear contatos, tratar doentes e isolar os que possam ter o coronavírus para impedir que contagiem outras pessoas. Esse planejamento não existe. O que acontece no RN, se repete na maioria das cidades brasileiras, nas quais a pandemia cresce.

Além da crise sanitária, persiste a crise política. No momento, em plena pandemia, há uma revolta da bancada nordestina no Congresso Nacional, pelo fato de que o governo federal retirou R$ 83,9 milhões que seriam usados no programa Bolsa família, para destinar à Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência, que aplicará em publicidade oficial.

Na economia, inspirado pela orientação ortodoxa do “czar” Paulo Guedes, que exerce poderes totais em 99% das finanças nacionais, o presidente Jair Bolsonaro vetou o uso de R$ 8,6 bilhões para combater a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

Todos esses fatos demonstram que as crises em evolução somente serão solucionadas, através de “ações convergentes”, que desarmem espíritos e intensifiquem o diálogo político. Entretanto, para que isso possa ocorrer há outro aspecto. “Quem fará essa convergência?

É a grande pergunta no ar. Se os Estados Unidos estão ameaçados pelo racismo, o Brasil está ameaçado pela intolerância, no trato da sua tríplice crise – sanitária, política e econômica.

 

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