Postado às 06h14 | 09 Jul 2021
Ney Lopes
Muito preocupante a instabilidade política, que a cada dia se agrava no Brasil.
O mais sério é que não aparecem bombeiros e o fogo político aumenta.
Ultimamente, a nota do Comando das Forças Armadas, em relação a declarações do presidente da CPI, causou abalos, até internamente no próprio senado federal.
Não se nega que a investigação parlamentar tem assumido posições radicais, que não colaboram para a credibilidade futura das conclusões.
A recente prisão de uma testemunha foi notoriamente ilegal e até excesso de autoridade.
Infelizmente, por outro lado o presidente da República, ontem, 8, em sua “live”, usou “palavrões” quando se negou a responder os questionamentos da CPI sobre as denúncias de corrupção no governo.
Bolsonaro assim se expressou: “Sabe qual a minha resposta, pessoal? Caguei! Caguei para a CPI. Não vou responder nada. São sete pessoas que não estão preocupadas com a verdade”.
Ele teria até o direito de protestar com veemência, mas nunca como o fez. Afinal, se trata de um chefe de estado.
Cabe lembrar, que também em “live” recente, o presidente, referindo-se à aprovação do voto impresso declarou sem meias palavras:
“Se não tiver voto impresso, é sinal que não vai ter eleição! Acho que o recado está dado”.
Independente de posição política pró, ou contra, são ocorrências deploráveis para um país civilizado.
A CPI ignora as regras de direito e constrange as testemunhas.
O presidente usa “palavrão” e anuncia explicitamente uma ruptura institucional, ao afirmar que o “recado” está dado”.
Que recado?
Ele será o Chávez brasileiro e implantará uma ditadura?
Não há como interpretar de outra forma as suas palavras.
Uma eleição já marcada, como a de 2022, só poderia ser adiada pela via constitucional.
Não se pode prever o que acontecerá nos próximos dias, com a divulgação de pesquisas neste final de semana, indicando queda de popularidade de Bolsonaro e ascensão de seus adversários.
O país necessita de equilíbrio e serenidade, tanto de governo, quanto de oposição.
Há que ser tomada alguma atitude neste sentido.
Não adianta realimentar a fogueira.
Existem instituições idôneas, que terão de assumir a liderança de movimentos, em prol da tranquilidade política e social nacional.
Chegou a hora de ser proposta uma trégua política no Brasil.