Postado às 06h47 | 10 Ago 2020
Ney Lopes
Matéria da “BBCnews” relata o risco de tragédia com carga explosiva, em Recife, capital de Pernambuco, que teria sido semelhante à ocorrida em Beirute, no Líbano. Era madrugada do domingo, 12 de maio de 1985, Dia das Mães, quando o navio-petroleiro “Jatobá” pegou fogo no Porto do Recife.
A embarcação carregava 1,5 mil toneladas de gás. Atracadas ao lado, duas embarcações, também com gás. As chamas ameaçavam os 153 metros cúbicos de produtos inflamáveis, armazenados próximos, em grande depósito de todas as empresas de combustível de Pernambuco. Se isso ocorresse, a explosão destruiria o Centro Histórico do Recife.
O então governador de Pernambuco, Roberto Magalhães, foi acordado na madrugada para deixar o Palácio, situado a mil metros do cais. Acionados, os bombeiros dispunham de duas viaturas pequenas, sem água suficiente para combater o incêndio.
O comandante do navio avisou que a explosão era inevitável e o Centro histórico de Recife começa a ser evacuado.
A essa altura chega ao local, o prático da barra Nelcy da Silva Campos, que estava de folga, mas veio ao local por vontade própria. O único meio para evitar um desastre era levar o navio petroleiro para alto-mar. E Nelcy cumpriu essa missão. Antes de tirar o navio sinistrado, ele afastou dois ao lado.
Depois, amarrou rebocador à parte dianteira do navio em chamas e levou para distância de 6 km da costa. O incêndio no “Jatobá” ainda durou 15 horas, em alto mar. Nelcy foi reconhecido como herói local e ganhou a maior comenda do governo do Estado.
A recente explosão em Beirute, no Líbano, que felizmente não aconteceu no Recife em 1985, deve ser motivo para correção de uma grave injustiça. Em, 2004, a Câmara Municipal deu o nome de Nelcy ao terminal marítimo de passageiros do Porto do Recife.
Posteriormente, com reformas das instalações, a denominação foi retirada.
Está na hora de Nelcy da Silva Campos ser definitivamente reconhecido como herói brasileiro, por ter evitado catástrofe idêntica à do Líbano, que o mundo hoje lamenta.
Somente assim será mantida a homenagem do seu nome, no Terminal de Passageiros do porto do Recife.