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Análise: Terras “ianomâmis”: ouro, abandono e doenças

Postado às 05h49 | 26 Jan 2023

Ney Lopes

Repercute internacionalmente o abandono dos indígenas “ianomâmis”, habitantes de área de 9 milhões de hectares, que está localizada nos estados do Amazonas e de Roraima, na fronteira com a Venezuela.

Vivem nessas terras oito povos, incluindo os Ianomâmi.

Com o avanço de atividades ilegais na região, estima-se que 20 mil garimpeiros também estão no território.

O povo Ianomâmi constitui um dos maiores povos indígenas isolados da América do Sul   e está exposto a endemias e pragas, enquanto o seu território contrasta com o manancial das reservas de ouro e outros minerais preciosos (metais nobres).

A Constituição de 1967 (artigo 198) resguardou aos índios o uso exclusivo, usufruto das terras.

Já na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 231 parágrafos 2° está previsto: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes”.

O garimpo ilegal prospera na área, provocando doenças e mortes aos índios, sobretudo no Estado de Roraima.

Os povos originários da Amazônia há muito sabem da existência de ouro e minerais preciosos nesse território.

Foi, dentre outras coisas, em busca de ouro e metais preciosos, que exploradores europeus navegaram mares afora, e estabeleceram colônias nos novos continentes descobertos e espoliados.

De modo mais específico em relação ao ouro e ao Brasil, o primeiro documento que faz referência à produção de ouro no Brasil, mostra que em 1731, o Brasil já era o maior produtor mundial de ouro.

A chamada “corrida do ouro” na Amazônia aumentou após a década de 1970, em decorrência, principalmente, da crise do petróleo.

Regra geral, a exploração econômica ilegal de minérios na Amazônia se dá em razão da mão de obra barata de homens nos garimpos, mas que só existe por meio de uma rica e complexa estrutura criminosa.

Estão envolvidos mineradores com grande capital financeiro e donos de aeronaves a servidores públicos, políticos e governantes, indígenas, grifes de joalherias internacionais e narcotráfico.

Chegou a hora do Brasil saber, de uma vez por todas o destino do ouro e demais riquezas Ianomâmis e colocá-los a serviço das populações nativas e do país.

Especialistas afirmam que a falta de regulação do mercado do ouro no país é um prato cheio para traficantes e criminosos.

Logística do garimpo, baseada em aeronaves, também atrai crime organizado para transporte de drogas.

O Governo adota ações emergenciais em socorro aos Ianomâmi, que sofrem com doenças transmissíveis e falta de cuidados sanitários.

Resta aguardar, se desta vez essa chaga humana será resolvida, com respeito às populações indígenas.

Já é tempo!

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