Notícias

Análise: "Tensão política no Brasil supera média global"

Postado às 06h33 | 02 Ago 2021

Ney Lopes

A polarização política no Brasil supera até as diferenças entre classes sociais e religiões, quando o assunto é "tensão social", de acordo com o levantamento "Guerras Culturais", da Ipsos.

A cada dez brasileiros, oito dizem acreditar que há uma tensão elevada no País entre pessoas que defendem bandeiras partidárias diferentes.

O porcentual supera a média global de 28 países e coloca a polarização política como o principal catalisador de tensão por aqui, na percepção dos próprios brasileiros.

Ou seja, briga-se mais por política partidária do que por qualquer outro assunto.

Exemplos dessa tensão e da violência política não faltam, e vão de bate-boca em grupos de família até casos extremos, como as ameaças de morte.

Conversar com quem pensa diferente é apontado como um dos maiores desafios no Brasil de 2021 de acordo com quem tenta fazer política mesmo sem estar num cargo eleito.

O diálogo é obviamente necessário, mas está cada vez mais difícil promover o debate público em meio a tantas narrativas e fanatismo.

Chegamos ao ponto em que a verdade e a lógica não importam mais para boa parte das vozes ativas na política brasileira, o que deixa nossa democracia fragilizada.

Falas de Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que por enquanto protagonizam o debate antecipado pela disputa presidencial de 2022, têm ajudado a aumentar o clima de "acirramento" político.

O presidente já afirmou que o adversário, que lidera as pesquisas de intenção de voto, só ganhará a eleição se for na "fraude".

Já o petista justifica que vê a disputa com Bolsonaro como a "democracia" contra o "fascismo".

A proximidade da eleição deverá fazer a temperatura subir ainda mais, acentuando a polarização.

A tendência, na avaliação é de que o clima "bélico" da disputa eleitoral chegue ao eleitor.

A estratégia é justamente tratar os adversários políticos como inimigos mortais e buscar a aniquilação destes inimigos, justamente como ocorre em uma guerra, avaliam cientistas políticos.

A proximidade com a eleição deverá fazer a temperatura subir ainda mais, acentuando a polarização e a belicosidade dos participantes.

Espera-se que haja uma saída, mas, qualquer que seja, ela está ainda muito distante.

 

 

Deixe sua Opinião