Postado às 15h51 | 30 Ago 2024
Ney Lopes
Gabriel Zucman, economista na Escola de Economia de Paris e na Universidade da Califórnia, Berkeley, analisa se é hora de taxar os bilionários.
Por que as pessoas mais afortunadas do mundo estão entre as que menos pagam impostos em relação à quantidade de dinheiro que ganham?
A resposta simples é que, enquanto a maioria de nós vive de nossos salários, magnatas como Jeff Bezos vivem de sua riqueza.
Em 2019, quando o Sr. Bezos ainda era o presidente-executivo da Amazon, ele levou para casa um salário anual de cerca de 80 mil dólares.
Mas ele possui cerca de 10% da emresa que teve um lucro de US$ 30 bilhões em 2023.
Se a Amazon devolvesse seus lucros aos acionistas como dividendos, que estão sujeitos ao imposto de renda, o Sr. Bezos enfrentaria uma pesada conta de impostos.
Mas a Amazon não paga dividendos aos seus acionistas. Nem a Berkshire Hathaway ou a Tesla.
Em vez disso, as empresas mantêm seus lucros e os reinvestem, tornando seus acionistas ainda mais ricos.
Problema
Não há como negar.
A desigualdade social é atualmente o maior problema enfrentado pela humanidade.
A falta de recursos para a educação, saúde, áreas sociais, cultura e demais áreas faz com que aumente a desigualdade, prejudicando a massa carente, independentemente de ideologias ou modelos econômicos.
Esse tema é preocupante.
Um dos caminhos será tributar os ganhos não realizados de super-ricos para suprir a escassez.
De acordo com Fernando Haddad, ministro da fazenda, taxar super-ricos implicaria tributar cerca de 3 mil indivíduos no planeta, “detentores de uma riqueza de cerca de US$ 15 bilhões (cerca de R$ 77,9 bilhões) e que, de fato, pagam muito poucos impostos”.
A desigualdade social brasileira é um legado do período colonial, à influência ibérica, à escravidão e aos padrões de posses latifundiárias.
Plano de Biden
O centro dos debates dessa questão tem sido os Estados Unidos, onde o presidente Biden está lutando para tornar o sistema tributário mais justo, enquanto os republicanos continuam a pressionar por cortes de impostos para os ricos e grandes corporações.
Como os bilionários aumentam sua riqueza não por salários, mas pelo valor de seus investimentos aumentando ao longo do tempo, o governo Biden argumenta que o código tributário atual permite que “muitos dos americanos mais ricos paguem taxas mais baixas sobre sua renda integral do que muitas famílias de classe média pagam”.
Fúria
A nova proposta provocou a fúria dos investidores mais ricos do Vale do Silício.
Bilionários como Elon Musk, Warren Buffett e Jeff Bezos, cuja riqueza é derivada principalmente das ações que possuem, enfrentariam grandes contas de impostos.
Com o apoio de Donald Trump, esses investidores se opõem e defendem duplicar cortes de impostos direcionados às grandes corporações e aos ricos.
Além disso, as pressões são no sentido de tarifa básica universal sobre as importações dos EUA, tarifa de 60 por cento sobre todas as importações dos EUA da China e redução da taxa de imposto de renda corporativo de 21 para 20 por cento.
Taxar super-ricos?
Os republicanos dizem que as ações de Biden desencorajariam o investimento e desacelerariam o crescimento econômico — mas alguns críticos deixam de fora o fato de que elas se aplicariam apenas a pessoas que já são extremamente ricas.
Os republicanos lutam também para revogar o imposto sobre herança — embora ele não se aplique a famílias de classe média — a fim de dar mais alívio fiscal às famílias bilionárias.
Já Kamala Harris, a candidata democrata, lançou um plano tributário com o objetivo de arrecadar quase US$ 5 trilhões ao longo de uma década.
Segundo o plano, pessoas com mais de US$ 100 milhões em riqueza pagariam impostos de pelo menos 25% sobre uma combinação de sua renda e seus ganhos de capital não realizados (ações, títulos etc.).
É um tiro no escuro político, mas se promulgado marcaria mudança fundamental com a taxação dos mais ricos.
Realmente, são insondáveis os caminhos futuros.
Enquanto isto, persiste a pergunta: taxar super-ricos?
Resposta: Sim!
Kamala Harris prometeu tomar novas medidas para reduzir os custos de moradia, medicamentos e alimentos em seu primeiro dia no cargo se derrotar Trump.
A Itália propõe aumento impostos turísticos, "em meio a uma crescente reação pública contra o turismo excessivo”.
Santorini, a ilha que se tornou o destino mais popular da Grécia, não conseguirá "salvar-se" se o desenvolvimento descontrolado não for imediatamente contido, alertou o prefeito.
Com mais de 3,4 milhões de turistas esperados foi pedida ação urgente
Após 11 meses de guerra, Gaza e a região enfrentam uma nova ameaça: a poliomielite
1910 — Fundação do Sport Club Corinthians Paulista.
1969 — A Rede Globo estreia o Jornal Nacional.
1985 — São encontrados, pela primeira vez, restos do Titanic.
Dia do Profissional de Educação Física
1822 — Nesse dia, Maria Leopoldina assinou o decreto da Independência do Brasil.
Sou fã do senhor, mas discordo 100% da sua coluna de hoje (taxação dos ricos).
O que faz aumentar a desigualdade são governos INCOPENTENTES (e corruptos) no mundo todo. Governos que gastam muuuito mal como no Brasil.
Não é TAXANDO mais que irá resolver o problema.
O que irá melhorar a desigualdade é o que aconteceu nos tigres asiáticos, mais capitalismo e menos governo.
Como dizia o saudoso Roberto Campos (avô do presidente do BC): O dono do galinheiro (o GOVERNO) adora matar a galinha dos ovos de ouro (o EMPRESÁRIO)...kkkk
Estimado (a) internauta. Agradeço a confiança de expor a sua opinião.
Obrigado pelo elogio. Isto é fundamental para o amadurecimento sensato de qualquer teoria ou ponto de vista.
Estamos diante de um tema atual e discutido nos países livres e democráticos do mundo.
Nada tem a ver com comunismo, socialismo ou intervenção estatal.
Há um “lobbie” conservador, sem sensibilidade social, que distorce totalmente essa taxação.
Propaga, de má fé, e confunde aqueles de boa-fé, alegando que a medida é para “matar o empresário”.
Absolutamente inverídico. Ao contrário, fortalece a empresa e o empresário, na medida em que a sociedade se torna mais harmônica, menos vulnerável à violência e mais justa humanamente.
Fui colega na Câmara Federal do ministro e deputado Roberto Campos e o tinha como grande amigo e guru.
Claro, alguns pontos de vista, discutíamos civilizadamente e ele ouvia.
Sempre almoçava minha casa.
No livro dele “lanterna de Popa”, ele me cita como um dos mais preparados deputados do Congresso e seu amigo.
É lugar comum dizer-se que governo gasta mal, é corrupto etc....
Nos tigres asiáticos, que conheço todos, a presença de governo na fiscalização do capitalismo é acentuada.
E há casos e casos de corrupção.
Não nego que aperfeiçoar a governabilidade é um caminho correto, ou seja, taxando com justiça, fiscalização na aplicação recursos públicos etc., mas apenas isto não combate a desigualdade.
É necessário ter recursos disponíveis para aplicação, até a fundo perdido.
Como justificar que o bilionário Jeff Bezos tenha lucro de U$ 80 bi por ano como sócio de uma empresa e pague IR sobre salário por ele mesmo arbitrado de 80 mil dólares?
Uma realidade mostrada no News York Times.
No Brasil, o único grupo que paga menos de 2% de sua riqueza em imposto de renda são os 0,2% do topo — atualmente o imposto de renda dessa faixa da população é de cerca de 0,8% de sua riqueza.
Enquanto isto, o assalariado aumenta a taxação pela inflação diária sem aumentos salariais e com defasagens de rendimentos contínuos.
Será que esses assalariados não contribuem também para o país?
Outro ponto.
Pensa-se que taxar bilionários seria atingir milhares de brasileiros.
Um engano.
Os estudos mostram que seriam indivíduos com mais de 1 bilhão de dólares de riqueza, distribuídos em ativos, imóveis, ações, participação na propriedade de empresas, entre outros, e que ainda não pagam pelo menos 2% de imposto de renda anual.
Recentemente, grupo de 250 multimilionários entregou carta a líderes mundiais pedindo que lhes sejam cobrados mais tributos a fim de combater desigualdades e melhorar serviços públicos.
São eles a herdeira do império Disney, Abigail Disney; o ator e roteirista Simon Pegg; Valerie Rockefeller, herdeira da dinastia de sua família; Ise Bosch, neta do industrial alemão Robert Bosch e o músico e compositor Brian Eno, além do ator da série Succession, Brian Cox.
.O brasileiro João Paulo Pacífico, fundador do grupo de investimentos Gaia
Taxar bilionários geraria R$ 1,3 tri por ano; no Brasil seriam 50 pessoas.
Uma taxa de 2% sobre 3.000 bilionários pelo mundo geraria uma renda extra aos cofres públicos de US$ 250 bilhões a cada ano (cerca de R$ 1,35 trilhão, na cotação atual), suficiente para garantir uma ação mais eficiente contra a desigualdade.
O problema de aplicar bem, combater corrupção etc. será tarefa da cidadania de cada país.
Não há outro meio.
Alegar que desencorajaria o investimento e desaceleraria o crescimento econômico é desconhecer o fato de que a taxação se aplicaria apenas a pessoas que já são extremamente ricas.
Brasil e Estônia são os únicos países do mundo que não taxam lucros e dividendos.
Todos os outros taxam.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é o clube privado dos países ricos.
Pois bem, instituíram impostos desse tipo em algum momento desde os anos 1990.
Não desejo convencê-lo do que penso.
Apenas, deixo claro que defendo ponto de vista compatível com a minha formação jurídica, democrática e defensor intransigente das liberdades, inclusive econômicas.
Abraços
Ney Lopes
Concordo com quase tudo. Porém, se tivéssemos governos confiáveis e competentes, principalmente no Brasil, não precisaríamos aumentar ou criar mais nenhuma taxa.
A questão atual não é a quantidade de impostos, pois já temos muitos e suficientes.
O que precisa ser feito é investir bem os impostos, algo que estamos muito longe de ver. Essa é a questão.
Além disso, o aumento de impostos, independentemente de para quem seja, sempre irá afastar empresários. Quanto a isso, não tenho a menor dúvida, independentemente do nome que se dê à taxação.
No caso não é aumento. É inclusão.
Hoje há boa margem empresários lúcidos, que entendem função social da empresa em sentido amplo.
Não é caridade para estampar jornais.
Mas ações amplas na assistência saúde, educação família, através de fundações isentas.
Há muitos avanços.
No Brasil poucos, ainda.