Postado às 16h40 | 06 Nov 2020
Ney Lopes
Não se sabe ainda quem ganha à presidência americana. Mais chances para Biden, porém Trump sobrevive. Pelo que se observa, o grande perdedor é o sistema eleitoral americano. Dói ver nas TVs a contagem arcaica de votos. Até falta de tinta para impressora paralisou a contabilização dos votos. Incrível que isso aconteça em pleno século XXI, com o vale do Silício da Califórnia sendo a liderança mundial da modernidade nas comunicações. Nos EEUU o presidente não se elege com os votos populares —como em quase todas as outras democracias—, e sim o vencedor da votação em cada Estado recebe os "votos eleitorais" desse Estado.
Se Trump vencer, seria a terceira ocasião em que o vencedor do voto popular não chega à presidência. Não há justiça eleitoral. A Constituição norte-americana deixa a gestão das eleições nas mãos de cada Estado, o que explica por que já conhecemos os resultados definitivos de uns e o conhecimento dos demais demorará dias.
A combinação desses dois sistemas —a apuração de votos Estado por Estado e o controle local das eleições— faz com que a eleição do líder do país mais poderoso da terra dependa de alguns milhares de votos em alguns Estados e demore muito tempo para apuração. A Constituição, que é a mais antiga em vigor das democracias mundiais e há necessidade de ser modernizada.
Está claro que o sistema eleitoral também precisa de uma renovação para garantir maior grau de justiça e legitimidade. Mas é difícil que um país tão dividido seja capaz de criar o consenso político necessário para empreender reformas de peso. Caso Biden ganhe, a sua principal missão será pacificar a Nação.
Com Trump, isto será mais difícil. O seu estilo é o confronto permanente.
Literalmente o futuro dos americanos está nas mãos de Deus.