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Análise: "Russos voltam a espionar os Estados Unidos"

Postado às 06h05 | 20 Dez 2020

Ney Lopes

De repente, no meio de uma tumultuada eleição presidencial, os americanos descobriram que os russos há meses têm acessado dados de organizações governamentais e empresas estratégicas.

E agora?

É público que os serviços especializados russos – o chamado GRU, Departamento Central de Inteligência – interferiram nas eleições americanas de 2016, das mais variadas maneiras, utilizando as redes sociais para semear ódios raciais e políticos (a favor da direita republicana). Voltam em 2020 a fazer incursão, e neste caso até se viu em tempo real.

A primeira pergunta que se impõe, é porque é que os americanos não revidaram.

A hipótese é que o Presidente Trump, cujas relações com Putin nunca foram completamente esclarecidas, não estaria interessado em que se pesquisasse muito. É admitido que o recuo de Trump foi pelo fato dos russos terem informações cabeludas para o chantagear.

Atualmente, o setor bancário e as empresas americanas da lista das 500 maiores da “Fortune”, deram os alarmes. A intromissão russa se dá através de um programa de atualização de software chamado Orion, feito por uma empresa do Texas, a SolarWinds. A própria SolarWinds também foi espionada. A questão importante é a fragilidade dos sistemas americanos, tanto públicos como privados.

Certamente os russos não querem guerra nuclear, mas apenas saber os desenvolvimentos americanos em armamento atómico. Certos países podem ter outros interesses. Os iranianos, por exemplo, que até se dão bem com Moscou gostariam de uma ajuda ao seu programa nuclear.

Os norte-coreanos, outro exemplo, que ganham a vida a piratear contas em dinheiro e bitcoins nos bancos internacionais, também gostariam de saber as movimentações financeiras americanas. O mundo conhece as guerras e a espionagem tradicionais. Mas, no momento aumentam as guerras no mundo invisível da cibernética.

Cada vez mais, os combates são virtuais, o que não reduz os riscos e prejuízos às nações.

Esse desafio de enfrentar questão tão delicada estará nas mãos de Biden, a partir de janeiro próximo.

 

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