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Análise: "Riscos nas relações Brasil e Portugal"

Postado às 06h44 | 03 Jul 2022

Ney Lopes

Está no Brasil o presidente de Portugal Marcelo Rebelo de Sousa.

Dispensável exaltar a importância das relações entre os dois países.

Afinal, o primeiro passo dessa aventura começou em 1500 com Pedro Álvares Cabral.

Importante recordar, que Lisboa foi a capital das terras de Vera Cruz e o Rio de Janeiro a única cidade do continente americano que desempenhou o papel de uma capital européia, a portuguesa, durante alguns anos.

Na revolução francesa, entre 1789 e 1799, apesar de ser fora do território nacional, foi o lugar escolhido pela família real lusitana para fixar residencia, durante este período.

Em quase 200 anos, as relações Portugal –Brasil viveram ciclos políticos diferentes,  sempre sendo salvaguardadas as relações entre os dois povos como bem essencial.

Após passar por terrível ditadura, Portugal é hoje exemplo de democracia.

É o Portugal do futuro, o Portugal da liberdade, em que é possível ter atualmente um Presidente de direita, com um Governo de esquerda.

Neste contexto, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa antes da viagem recebeu, por escrito, para almoçar em Brasília com o presidente Bolsonaro. Ocorre que, como é costume, o chefe de estado português agendou encontros com o ex-presidente Lula, Michel Temer e FHC.  

De inopino, o presidente Bolsonaro reagiu em declaração à CNN, afirmando:

"Resolvi cancelar o almoço que ele teria comigo, bem como toda a programação", justificando a decisão pelo fato de Marcelo Rebelo de Sousa encontrar-se com Lula da Silva hoje em São Paulo.

Bolsonaro fez algo idêntico, em 2019, ao ministro francês da Europa e das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, simplesmente para ir cortar o cabelo.

Até hoje as relações brasileiras e francesas estão abaladas.

O presidente português esclareceu, que o “convite foi  escrito, eu respondi por escrito, não houve por escrito nenhuma comunicação. Vamos esperar para ver”.

O presidente Marcelo Rebelo de Sousa tem especial apreço pelo Brasil.

Ele lembrou que “os pais viveram em são Paulo de 1974 a 1993 e que com o 25 de Abril a família ficou dividida” em relação à revolução, mas soube ainda assim conviver”.

Sobre incompatibilidades ideológicas comentou com jornalistas “que minha casa, minha mãe era de esquerda, assistente social, socialista.

Meu pai era de direita, médico, salazarista. Tinham em comum uma coisa, liam livros, e isso fazia a diferença”.

É importante não esquecer, que o presidente Marcelo é convidado das autoridades brasileiras para estar em Brasília no dia 7 de setembro, comemoração dos 200 anos da Independência do Brasil, ao lado de Jair Bolsonaro, a poucas semanas das eleições presidenciais.

Diante dos estranhos acontecimentos relatados, caberá a diplomacia dos dois lados continuar o seu trabalho, para evitar que sejam afetadas as relações entre Portugal e Brasil.

Isso é o mínimo que se espera, em nome das tradições, que sempre inspiraram a nossa política externa.

 

 

 

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