Postado às 02h43 | 04 Abr 2024
Ney Lopes
Na política atual é comum a esquerda acusar adversários de fascista ou nazista. É o caso de indagar: Trump é fascista? E Orbán, na Hungria nazista? Marine Le Pen, na França? O sociólogo italiano já falecido, Umberto Eco, escreveu em 1955 um ensaio sobre "Ur-Fascismo". Há distinções significativas entre as duas teorias. O nazismo era, como o stalinismo, "totalitário".
Já o fascismo de Mussolini era diferente e tinha apenas retórica confusa de diferentes ideias filosóficas, contraditórias e políticas. Questionado sobre se um ditador poderia ser amado, ele disse: ‘Pode. Desde que as massas também o temam. O povo adora homens fortes. O povo é como uma mulher”.
O fascismo está vinculado a frustração individual ou social. Daí ao longo da história ter cooptado facilmente os indivíduos recalcados, pessimistas, sem visão do futuro. Também deu resultados positivos o apelo às classes médias malogradas, desvalorizadas por alguma crise econômica ou humilhação política, assustadas pela pressão dos grupos sociais e a queda de status social.
Umberto Eco propõe as principais caracteristicas de um governo fascista . Para ele, bastará uma dessas característica o o regime se apresenta como “fascista”. São elas.
Culto à tradição. A verdade já foi revelada e a verdade reside no passado. Em consequência, total recusa à modernidade Culto ao irracionalismo, coma rejeição ao pensamento científico. A suspeita em relação ao mundo intelectual, sempre foi sintoma de fascismo. Culto ao consenso: “desacordo, discordar é traição”.
O nacionalismo exacerbado, hermeticamente fechado ao diálogo multilateral dos países, que identifica os inimigos de uma nação pela destruição da identidade nacional. Ódio aos muitos ricos, A fim de manter a integridade do sistema, os regimes fascistas tendem a controlar os meios de comunicação.
Militarismo, culto à arma e à violência. Luta pela vida. O pacifismo rejeitado. O militarismo e o heroísmo abrem brechas ao machismo e à rejeição ao diferente na sexualidade. O líder, então, passa a decidir pelo povo. O povo é uma “ficção teatral”. O fascismo odeia o parlamento. Necessidade do herói salvador;
Na atualidade, o grande risco é a tendência de crescimento de partidos de extrema-direita, nacionalistas nostálgicos, ultraconservadores. Tais circunstancias levam a oportunidade do fascismo ressurgir. A Itália é dirigida por Geórgia Meloni, que foi líder de um partido neofascista.
Na eleição, em junho, do Parlamento |Europeu, há possibilidade de uma guinada à direita, com forte propensão para mudança a favor de uma “supercoligação” entre Democratas-Cristãos, conservadores e eurodeputados da direita radical.
O fascismo pode voltar disfarçado. Por isso, ainda são atuais as palavras do presidente Franklin Roosevelt: “Eu me arrisco na declaração desafiad.ora de que, se a democracia americana deixar de avançar como uma força viva, buscando dia e noite por meios pacíficos para melhorar a sorte de nossos cidadãos, o fascismo crescerá em força em nossa terra”