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Análise: "Risco do “pãozinho” mais caro"

Postado às 05h56 | 10 Jul 2020

Ney Lopes

Com relações estremecidas, Brasil e Argentina começam nova guerra comercial. O Presidente brasileiro decidiu aumentar a cota de importação de trigo com tarifa zero, para países fora do Mercosul. A medida permite que o Brasil compre até 450 mil toneladas de trigo a outras nações do mundo, sem imposto.

A cota adicional é temporária ― até novembro deste ano ― e será usada apenas caso a utilização a cota atual ― de 750 mil toneladas ― adquirida a Argentina, não atinja 85% do total. Toda a questão se resume no seguinte. Os brasileiros temem que os argentinos não supram o mercado e produtos essenciais, como o “pãozinho”, aumente de preço, ou até falte nas padarias.

O novo presidente argentino ampliou as vendas para outros países, o que gerou inquietação ao Brasil, que tem grande dependência desse produto portenho.

Qualquer falha, cria desabastecimento aqui e afeta o “pãozinho” da mesa dos brasileiros O nosso país consome, em média, 11 milhões de tonelada por ano. A produção nacional em 2019 foi de 5,4 milhões. O restante é importado. Nos últimos anos, em média, os argentinos forneceram 90% do trigo consumido no Brasil.

Antes do atual presidente da Argentina, o país só vendia trigo para o Brasil. Agora, vende para terceiros e cria risco para o mercado importador brasileiro. O mais grave é que a disponibilidade da Argentina para novos negócios é pequena, já que ainda precisam abastecer o mercado interno.

A conjuntura política entre os dois países, agrava as tensões. Recorde-se que Bolsonaro não escondeu a sua insatisfação com a vitória de Alberto Fernandez. Deixou de lado a diplomacia com o terceiro parceiro comercial do Brasil e anunciou que não felicitaria o eleito. Até hoje não se falaram.

Também culpou o eleitorado argentino por ter levado de novo a esquerda ao poder.

De agora em diante é “pagar para ver”.

Deus queira, que o “pãozinho” não seja a “cobaia” dessa guerra comercial e termine aumentando de preço.

 

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