Postado às 06h49 | 10 Mar 2022
Ney Lopes
O dia começa com uma notícia que traz esperança de “cessar fogo” na Ucrânia.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros russo e o homólogo ucraniano já estão na Turquia para a primeira reunião neste nível, desde que os moscovitas invadiram a Ucrânia.
No momento, uma das maiores preocupações é que a continuidade do conflito aumente os riscos do que poderá acontecerá na usina nuclear de Chernobyl, ocupada pelos russos,
Cortes de eletricidade podem vir a comprometer sistemas de refrigeração da central nuclear e o sobreaquecimento libertar materiais radioativos para a atmosfera.
O mundo treme a cada vez que se ouve falar em Chernobyl.
O passado está ainda bastante presente na memória coletiva e ninguém esquece o acidente nuclear ocorrido em abril de 1986, quando o reator 4 da central explodiu e lançou para a atmosfera um manto de material radioativo que cobriu toda a Europa.
A invasão da Ucrânia tem mostrado que as centrais nucleares são alvos estratégicos para as forças de Moscou e existe o medo de um novo desastre, situação agravada ainda mais nas últimas horas.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) assume ter perdido o contato com os sistemas de dados nucleares de Chernobyl, onde mais de 100 trabalhadores e 200 guardas ucranianos estão retidos há praticamente duas semanas.
A Ukrenergo, operadora que gere a rede elétrica ucraniana, informou que a eletricidade na central de Chernobyl foi completamente cortada, assim como na cidade vizinha de Slavutych.
Os combates em curso tornam impossível reparar e restaurar a energia.
Uma das consequências imediatas provocadas pelo corte de energia na central nuclear é que aproximadamente 20 mil unidades de combustível ainda permanecem armazenadas no reator 1, que, apesar de ter sido desativado dez anos após o acidente nuclear, precisa de ser constantemente refrigerado.
Ora, sem eletricidade, isso torna-se impossível, advertiu a Empresa Nacional de Geração de Energia Nuclear da Ucrânia.
Um cenário provável, caso persista a situação atual, seria o risco de uma possível nuvem radioativa empurrada pelo vento, que poderá atingir outras regiões da Ucrânia, Bielorrússia, Rússia e até mesmo outros países do ocidente europeu.
A falta de ventilação na central nuclear de Chernobyl causada pelo corte de eletricidade, aumenta os níveis de radiação a que os funcionários e guardas estão expostos.
Em caso de incêndio, os sistemas de extinção também não irão funcionar sem energia.
A iminência de uma catástrofe, ainda maior que a guerra atual, deverá certamente facilitar os entendimentos entre ucranianos e russos.
Afinal, a onda radioativa de Chernobyl atingirá e prejudicará também a própria Rússia.