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Análise: "A fragilidade política do governo tem de fazer concessões"

Postado às 06h06 | 06 Ago 2023

Ney Lopes

A semana começa com a boa notícia divulgada pela revista britânica The Economist, uma das mais respeitadas no mundo na cobertura de temas econômicos, apontando a melhoria das perspectivas econômicas do Brasil e o otimismo de investidores em relação ao país.

O contexto internacional tem favorecido o nosso país.

A invasão da Ucrânia pela Rússia beneficiou a exportação de grãos do Brasil, já que são grandes produtores de alimentos.

A guerra reduziu a oferta de comida, no momento em que a China encerrava as restrições provocadas pela Covid-19, puxando a demanda por grãos.

O aumento interno da exportação de soja, poderá responder por um quinto do crescimento econômico neste ano, o que eleva o saldo da balança comercial brasileira e favorece a valorização do real frente ao dólar.

A redução das taxas de juros nos EUA e as tensões crescentes entre a maior economia do mundo e a China estão levando muitos investidores a procurarem outros mercados emergentes para investir, destacando-se a preferência pelo Brasil.

No ano passado, o Brasil recebeu US$ 91 bilhões em investimentos diretos do exterior.

Por justiça, deve ser destacada a eficiente atuação do BC, sob o comando do economista Roberto Campos Neto, que contribuiu para conter a inflação, que era de 12% anuais em abril do ano e passou para 3,2% agora.

O fato de manter a taxa de juros em 13.75% foi medida corretíssima para frear a inflação, apesar do intenso ataque do presidente Lula ao BC, “jogando para a plateia”.

Contribuição positiva é a agenda de reformas, com o novo arcabouço fiscal e a Reforma Tributária, abrindo perspectivas para o controle da dívida..

O futuro é um enigma.

A aprovação final das reformas no Congresso não é garantida, diante da fragilidade política do governo, que tem de fazer concessões.

Afinal, o quadro é de um governo de esquerda e um Congresso de centro-direita.

Um “ponto sob tiroteio” dos lobistas são as  “exceções” pleiteadas na reforma tributária.

Cada setor econômico só olha o seu próprio “umbigo” e esquece o compromisso com o interesse coletivo.

Não se pode omitir, que na visão geral das perspectivas futuras da economia nacional destaca-se o grande potencial em projetos de transição energética, na produção de energia limpa.

A revista “Economist” adverte, que haverá de ter cautela, considerando que o país tem sempre ficado atrás de potências emergentes como China e Índia.

E deu como exemplo a baixa produtividade, que só cresceu na agricultura em três décadas.

O que se espera é uma política boa e consistente para reverter a tendência de longo prazo do Brasil.

Para que essa meta seja alcançada é necessário que o PT pare de sabotar a política fiscal defendida pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto e o ministro da Fazenda Fernando Haddad.

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) chegou a comparar a proposta do arcabouço fiscal a um pacto com o diabo.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, fez crítica ao mecanismo de controle de gastos.

A disputa antropofágica entre setores do partido tem sido uma característica do PT, desde a sua fundação.

A economia não aguenta solavancos.

Se esse clima persistir, a tendência será o governo desintegrar-se e o país também.

 

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