Postado às 04h16 | 04 Jun 2020
Ney Lopes
O estilo político de Trump elege “bodes expiatórios”, na luta pela reeleição. Para radicalizar, ele enfrenta até a ciência. Recentemente, sugeriu tratar o coronavírus com “injeção de desinfetantes”. Empresas de produtos de limpeza pediram que ninguém ingerisse esses produtos.
Com a eclosão da crise de “racismo”, que leva multidões às ruas, Trump fixou dois pontos do seu discurso político: primeiro, aproximar-se dos eleitores brancos e considerar os protestos coisa de terroristas; segundo, combater a China, repetindo que o vírus foi inoculado no mundo por esse país.
Sabe-se que os Estados Unidos têm histórico de violência racial. O movimento negro, que ressuscita – “Black Lives Matter - surgiu em 2013, quando foi absolvido o assassino de um adolescente negro desarmado. Os protestos atuais assumem proporção nunca vista, nem no período seguinte ao assassinato de Martin Luther King.
Qual o raciocínio político-eleitoral de Trump?
É que a violência levará o eleitor para a “direita”, temendo perdas materiais de bens. Em 1968, Nixon ganhou a eleição, responsabilizando Lyndon Johnson pelos protestos antirracistas e vandalismo. Trump quer fazer a mesma coisa, agora. Há, porém, uma diferença: Nixon era oposição e Trump é governo.
Esse ponto poderá derrotar Trump, pois a responsabilidade no momento é do seu governo. Em relação a China, Trump recrudesce o sentimento anti-chinês e ante asiáticos, que existe há anos nos Estados Unidos.
Os chineses chegaram ao país no século XIX para atividades de mineração. Depois, passaram à construção de ferrovias, sendo submetidos a “servidão por dívida”, que os obrigava a trabalhar por cinco anos, em condições inóspitas.
Já no século XX, a discriminação continuou com os governos aplicando critérios eugenistas, que segregavam os chineses e asiáticos. O ataque de Pearl Harbor (1942) agravou o preconceito. Agora, Trump reaviva o sentimento anti-China, como estratégia de sua reeleição, na busca de obter apoio da maioria branca.
O que se conclui é que, em 2020, negros e chineses serão os alvos de Trump na eleição.
Dará certo?