Postado às 06h44 | 30 Mai 2022
Ney Lopes
Surpresa nas eleições colombianas de ontem, 29.
O candidato de 77 anos, Rodolfo Hernández, com o nome lançado de última hora, fez sua campanha basicamente nas redes sociais.
Caso se torne presidente será o mais velho depois de Manuel Antonio Sanclemente (85 anos).
Até alguns meses atrás, Hernández era um personagem desconhecido para o país, exceto em Santander, onde sua empresa imobiliária cresceu, e especialmente em Bucaramanga, onde foi eleito prefeito em 2015.
Atualmente, Hernández responde processo judicial por suposta responsabilidade em crime economico na celebração de contratos para colheita de lixo em Bucaramanga.
Na atual eleição, Hernández cresceu na “reta final” da campanha (antes ocupava o último lugar nas pesquisas), aproximando-se do favorito Gustavo Petro (40,33% dos votos), um ex-guerrilheiro que concorre pela terceira vez a presidência da República.
Petro foi prefeito da capital colombiana, senador e deputado federal.
Ele concorreu em outras duas eleições presidenciais.
Ex-seguidor das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia — Exército do Povo, também conhecidas pelo acrônimo FARC ou FARC-EP, uma organização paramilitar de inspiração comunista, Petro chegou a bater boca com o comandante do Exército colombiano, Eduardo Zapatero, durante as eleições.
Sua vice, Francia Márquez Mina, poderá ser a primeira mulher negra a ocupar ou se posicionar na Colômbia.
Caso vença, Petro se tornará o primeiro presidente de esquerda da história do país sul-americano.
Na votação Hernández alcançou 28,15% dos votos e irá para o segundo turno.
A surpresa de Hernández é explicada pela insatisfação dos colombianos com os políticos tradicionais, inclusive a direita, que ocupa o poder desde Álvaro Uribe.
Por essa razão, a sua ida para o segundo turno não pode ser considerada vitória da direita, mas sim da do estado de inquietação social de um país, de alto nível de desigualdade social,
A Colômbia na América Latina vive conflito dos mais antigos, em consequência da disputa pelo poder de liberais, conservadores e socialistas.
Desde o início de 2021, o país enfrenta um período de forte turbulência social.
Além das dificuldades e desafios impostos pela pandemia do Coronavírus, lida com uma grande quantidade de protestos em suas principais cidades.
Os cartéis das drogas ilícitas são o principal problema e as probabilidades do país democratizar significativamente seu regime político nas próximas décadas estão associadas ao combate a esta atividade ilegal no futuro imediato.
Já polarizada no primeiro turno, a nova rodada deve esquentar ainda mais o debate ideológico colombiano até 19 de junho, quando ocorre a disputa final entre os candidatos.
Um deles à esquerda, que pela primeira vez pode governar o país, e o outro da direita radical.
A Colômbia do ponto de vista geográfico, ocupa um lugar privilegiado, já que é a única nação sul-americana com a costa voltada ao oceano Pacífico e ao Caribe.
Tem fronteiras com a Venezuela, além de ter limites com Equador e Brasil.
Só resta aguardar o desfecho eleitoral no segundo turno das eleições.