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Análise: "“Raio x” mostra “fraturas” globais"

Postado às 06h34 | 20 Jul 2020

Ney Lopes

Antônio Guterres, secretário-geral ONU, falou na comemoração do nascimento de Nelson Mandela (102 anos), premiado com o Nobel da Paz e que passou 27 anos na prisão por lutar contra o regime de 'apartheid' na África do Sul, antes de se tornar, em 1994, o primeiro Presidente negro do país.

Lúcida e oportuna a análise de Guterres. Vaticinou que o planeta após pandemia será totalmente diferente e previu futuro centrado na solidariedade, com novas regras no trabalho, emprego, educação e segurança social. Antecipou “Novo mundo” baseado numa "globalização justa".

Esse acordo global terá como alicerce oportunidades iguais e garantia de poder e riqueza divididos de forma mais justa. Em 2019, 2.153 bilionários do mundo tinham mais dinheiro do que 60% da população do planeta. O secretário da ONU afirmou que falharam os sistemas econômico, socais e político globais, em áreas como saúde pública, clima, desenvolvimento sustentável, paz, igualdade social.

A pandemia, segundo ele, expõe “falácias e falsidades”, como, por exemplo, a mentira de que mercados livres podem distribuir cuidados de saúde para todos, a ilusão de que vivemos num mundo pós-racista, ou ainda o mito de que estamos todos no mesmo barco.

A análise chegou ao ponto de considerar que as desigualdades começam em organizações como a própria ONU, onde não há representatividade igual para todos os países. A palavra de Antônio Guterres é um alerta à humanidade e revela a realidade sem retoques do mundo após pandemia.”.

Guterres considerou que "a covid-19” é como um “raio-x”, que mostra as fraturas da sociedade global, expostas nos sistemas de saúde e educação inadequados, lacunas na proteção social, desigualdades estruturais, degradação ambiental e climática.

Quem não enxergar a necessidade de mudanças irá colaborar para que continuem nas ruas milhões de pessoas, de todos os continentes, reivindicando o direito de serem ouvidas e não continuarem a ser passadas para “trás”.

Em última análise, negar o nascimento do “novo mundo” após a pandemia será contribuir para a intranquilidade social permanente.

 

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