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Análise: "Queda no padrão de vida dos brasileiros"

Postado às 06h20 | 03 Ago 2020

Ney Lopes

Cada dia mais evidentes os contrastes econômicos e sociais gerados pela pandemia no Brasil. Estudo da ONG Oxfam, por exemplo, apontou que a fortuna de bilionários nacionais cresceu US$ 34 bilhões, entre março e julho.

É regra na economia, que quando a classe privilegiada fica mais rica, a perda das camadas baixas é ainda maior. A renda per capita precisa reagir para que a sensação de pobreza da maior parte da população seja superada. Reportagem do “Estado” evidencia que a crise deve levar à maior queda do padrão de vida do país, desde a década de 1940. Calculada a partir do PIB per capita, a retração esperada é de 6,7% este ano – e mais da metade dos brasileiros já percebe que está em uma situação pior do que antes da pandemia.

Até então, o maior recuo havia sido em 1981. Levantamento no período de 2011 a 2020, demonstra que o PIB per capita deve recuar 8,2% ante uma alta de 28% na década anterior. Só neste ano, o PIB por habitante deve cair quase o mesmo que a retração vista na crise de 2015 e 2016. Em valores de 2019, o indicador era de R$ 34,5 mil no ano passado e deve cair para R$ 32,2 mil este ano.

Caso esse cenário se concretize, o padrão de vida voltaria ao nível de 2008.

A opinião generalizada é que o País entrou em uma montanha-russa. O que foi conquistado se perdeu. Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, comparou a situação a quem paga a prestação de um carro roubado e que não tinha seguro. 

O auxílio emergencial de R$ 600 para brasileiros de baixa renda, vem atenuando a pobreza. Porém, o efeito é temporário, já que o programa é de alto custo. Na pandemia, os planos de saúde perderam 283 mil clientes, ficando com 46,8 milhões de usuários. Nas escolas, a inadimplência em SP foi de 32,1%.

Os pais que tiveram salário reduzido ou ficaram desempregados trocaram os filhos para a rede pública. Este é o cenário dramático do padrão de vida em decadência dos brasileiros.

O mais grave é que não se sabe para onde caminhamos.

 

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