Postado às 05h14 | 12 Dez 2020
Ney Lopes
Hoje o grande “quebra cabeça” é como distribuir as vacinas em pesquisa e em breve aprovadas para uso global. Os provedores logísticos enfrentam o desafio de estabelecerem rapidamente cadeias de suprimentos hospitalares, que forneçam uma quantidade excepcional de de vacina em todo o mundo.
Atualmente, mais de 250 vacinas estão sendo desenvolvidas e testadas em sete plataformas tecnológicas. O grande problema é que as vacinas atuais normalmente são distribuídas a aproximadamente 2°C a 8°C. A da Pfizer exige 75° abaixo de zero. Estudos recentes mostram que a cobertura global exigiria até 200 mil embarques e até 15 milhões de entregas em caixas de refrigeração, bem como 15 mil voos, aproximadamente.
Serão necessários em torno de 10 bilhões de doses de vacina, levando-se em consideração uma população de 7,8 bilhões de pessoas e uma estimativa de imunização de 60%. Algo realmente grandioso. Provavelmente, o mesmo fornecedor da vacina não é o mesmo fornecedor das seringas e das agulhas, o que, pela enorme quantidade envolvida, se torna uma variável a mais no processo.
A logística exigida pela pandemia não é apenas na distribuição futura das vacinas. A partir do momento em que foram decretadas normas para o distanciamento social e as pessoas começaram a trabalhar em casa, houve um aumento significativo na demanda por serviços logísticos, tanto na entrega de alimentos e refeições quanto por meio de entregas de pedidos do comércio eletrônico (e-commerce).
Grandes empresas logísticas tiveram que se reinventar e ainda estão se reinventando para atender as novas demandas. Somente este ano a Unicef adquiriu 100 vezes mais máscaras faciais e duas mil vezes mais luvas cirúrgicas, do que em 2019.
O Brasil tem um histórico positivo no que diz respeito à imunização da população e à distribuição de vacinas, no entanto, a demanda que se avista no horizonte é de proporção gigantesca e exige um planejamento logístico eficiente.
O que todos os brasileiros esperam é que esse tema da vacinação deixe de ser politizado e se transforme em prioridade de saúde pública coletiva.