Postado às 16h54 | 30 Jun 2020
Ney Lopes
Analistas começam a advertir a possibilidade de escassez de alimentos no mercado mundial, por impactos causados por guerra, como é o caso da Síria e a Covid-19. O impacto desse flagelo tem características específicas, em regiões diferentes do planeta. Na Síria, a guerra se prolonga, desde 2011.
A população em desespero não contém a disparada do preço dos alimentos e de produtos essenciais. A cesta básica encareceu 200%, em relação a 2019. As famílias comem menos para poderem sobreviver. Cerca de 9,3 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar. Há situações humanas deploráveis. Por exemplo, as passagens entre as cidades de Bab al Salaam e Bab Al Hawa, que conectam à Turquia, são as únicas que permitem a chegada de comida para a população.
A Rússia - aliada do regime sírio - forçou a inutilização dessas passagens terrestres, o que vem sendo negociado pela ONU para abrir o acesso. Já a pandemia ocasiona, além de escassez em alguns países, perdas econômicas para exportadores de alimentos.
A Austrália exporta cerca de dois terços de seus produtos agrícolas e é um importante fornecedor para a região Ásia-Pacífico, mas esse comércio crucial está agora ameaçado pela desativação da indústria da aviação, que era a transportadora de mercadorias. Os agricultores não podendo exportar, o prejuízo é de dezenas de bilhões de dólares.
Hong Kong e Cingapura são dois dos principais centros financeiros da Ásia, mas com terras agrícolas limitadas e importam mais de 90% de seus alimentos.
Hong Kong importa a maioria da China continental e Cingapura da Malásia. Já há sinais de que o fornecimento poderá ser reduzido e até paralisado. A situação mais dramática é das ilhas do pacífico, por serem pequenos países de baixa renda, dependentes de importações e vivem do turismo, atualmente suspenso.
A escassez de alimentos e aumentos de preços provoca pânico diário a essas populações. A esperança são ações internacionais de cooperação, para implementar medidas de urgência.
A FAO se movimenta.
Porém, enquanto a pandemia durar, o quadro é de “fome e dor”.