Postado às 06h52 | 18 Mar 2024
Bolsonaro e Lula mostraram-se próximos de Putin.
Ney Lopes
Está chocado com a notícia, de que Putin acabou de ser reeleito presidente da Rússia?
É verdade.
“Ganhou nesta madrugada” e será ungido presidente do país, por mais seis anos.
Se ele cumprir todo o mandato de seis anos, superará o reinado de 29 anos de Joseph Stalin e se tornará o líder mais antigo da Rússia desde Catarina, a Grande.
Todos os observadores Ocidentais concordam, que se consuma mais uma farsa política.
As ambições de Putin representam uma ameaça de longo prazo que vão muito além da Ucrânia.
Fortalecido, ele poderá espalhar mais discórdia na África e no Oriente Médio, paralisar a ONU, colocar armas nucleares no espaço e outras estratégias.
Recorde-se que em plena pandemia, Putin chamou a vacina contra a Covid-19 de “Sputinik”, uma referência à primeira vitória da então União Soviética na corrida espacial, quando, em 1957, os soviéticos ultrapassam os Estados Unidos e foram os primeiros a enviarem um satélite (Sputnik) ao espaço.
Para Putin, a recuperar a antiga URSS será restaurar o status da Rússia como potência global após o colapso, há 30 anos.
É isto, que ele está construindo.
O Ocidente terá que se manter alerta.
Com a vitória de ontem, Putin é o governante mais antigo, desde Joseph Stalin.
Solidificou seu controle sobre o poder, apesar dos esforços ocidentais para impor duras sanções econômicas a Moscou pela invasão da Ucrânia.
O exército da Rússia recuperou a iniciativa contra as forças ucranianas, enquanto a economia russa se recuperou graças a um aumento nos gastos com defesa e linhas de abastecimento alimentar vindos de países como a China.
A Rússia já anexou mais de 18% do território ucraniano.
Espera-se que qualquer nova ofensiva russa ocorra durante os meses quentes e secos de verão, e os militares russos podem tentar aumentar a quantidade de território que controla, antes de qualquer negociação futura.
Ao contrário da Ucrânia, que teve cinco presidentes eleitos durante o período de Putin no poder, as eleições russas não oferecem qualquer escolha democrática.
O Kremlin bloqueia candidatos genuínos da oposição nas urnas, controla a cobertura mediática e falsifica os resultados.
A oposição ao Kremlin não pôde concorrer às eleições, (Yekaterina Duntsova e Boris Nadezhdin) uma vez que a comissão eleitoral não registrou os seus candidatos por várias razões técnicas ou questões formais, devido ao seu apoio à paz na Ucrânia.
Apenas três candidatos – de partidos amigos do governo – foram autorizados a concorrer.
Mesmo durante a campanha, Putin prometeu continuar a guerra da Ucrânia e “anunciou armas e manteiga” para o país, afirmando que a Rússia poderia perseguir seus objetivos de guerra e continuar investindo na economia e infraestrutura.
Diante do desenho atual do estado russo, muitos aprenderam a torcer pelo melhor, mas esperar o pior. A incerteza foi agravada por um governo que se torna cada vez mais autoritário.
Depois de mais de duas décadas no poder, Putin não é contido por um partido da oposição no Parlamento e nem por uma sociedade civil forte.
Age como quer e deseja um ditador.
Rússia ameaça o mundo, não apenas a Ucrânia.
O Ocidente deve mostrar que seu inimigo é Vladimir Putin e não 143 milhões de russos comuns.
Não há dúvida de que Putin fará tudo que possa para desestabilizar o Ocidente.
Dá provas disso.
A guerra continuará a ser um princípio inspirador para ele e o Kremlin.
Trocando rem miúdos: a guerra nuclear poderá estar mais próxima, do que se imagina.