Postado às 06h32 | 10 Jul 2021
*Ney Lopes
(Texto publicado no RN e no Diário do Poder, Brasília DF)
A cada dia impõe-se uma trégua na política brasileira, que evite a propagação do extremismo e do fanatismo, atualmente impregnados, no duelo diário entre bolsonaristas e oposicionistas.
A democracia do Brasil não merece sofrer ameaças explicitas, de que as eleições de 2022 poderão não ocorrer, se não for aprovada a chamada proposta do voto impresso, como declarou claramente o presidente da República.
A defesa de mudança no processo eleitoral eletrônico é normal, porém desde que reconhecida a decisão final do Congresso Nacional, seja ela qual for.
O presidente achou pouco e xingou o ministro Luís Roberto Barroso, do TSE, chamando-o de “imbecil”, acusando sem provas que existe fraude nas eleições.
O senador Rodrigo Pacheco deu sinais de que ainda existem estadistas no país.
Fez pronunciamento enérgico e na hora certa, como presidente do Congresso Nacional e não cedeu às tentações de colocar mais lenha na fogueira.
Atuou com eficiência como pacificador, no confronto que se esboçava entre a CPI da Covid e as Forças Armadas, o que já é considerado episódio ultrapassado.
As suas declarações, como bem analisou o conceituado jornalista Claudio Humberto, significaram além da “temperança” aristotélica, indispensável à política, também a moderação, prudência e e autocontrole.
Montesquieu no “O espírito das leis” considera a moderação a virtude suprema do político e acrescenta que ela é muito mais do que o proverbial meio-termo entre dois extremos.
Acusam o senador Pacheco de “mineirice”, como se Minas Gerais não fosse a grande escola da política brasileira, ao seguir a regra de São Tomás de Aquino, de que o bom senso não é incompatível com coragem, fortaleza e sabedoria.
O autor inglês do século 17 Joseph Hall, disse, que “moderação é a corda de seda correndo através da corrente de pérolas de todas as virtudes”.
O senador Pacheco afirmou, que o Estado de direito e a democracia são inegociáveis no país e garantiu que as eleições estão preservadas.
Foi além, ao declarar que "todo aquele que pretender algum retrocesso ao Estado Democrático de Direito será apontado pelo povo brasileiro como inimigo da nação".
A posição pública assumida pelo senador Rodrigo Pacheco, em nada poderá ser tida como de um oposicionista, ou governista, em relação ao governo federal.
De certa forma, ele colabora com o presidente Bolsonaro, alertando-o de que não poderá prosseguir com o seu estilo intempestivo, que cria dificuldades para si próprio.
A palavra do presidente do Congresso Nacional expressou o pensamento do professor Aurelian Craiutu, da universidade de Indiana, ao escrever que “um político capaz, se assemelha a um bom equilibrista: ele ou ela precisa de equilíbrio em todos os sentidos, precisa ser prudente, alerta, ter boa intuição e um senso de direção. Ele ou ela também precisa ter a coragem de nadar contra a corrente quando necessário, e deveria sempre exigir que o outro lado possa também ser ouvido em qualquer assunto polêmico”.
A indagação é se, afinal, surge na política brasileira, alguém que possa encarnar os sentimentos de cerca de 40% da população, revelados nas pesquisas de opinião, como ainda sem opção de candidato para as eleições presidenciais de 2022.
Será?
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