Postado às 05h52 | 26 Out 2020
Ney Lopes
A três semanas da eleição enxergam-se algumas prováveis consequências do pleito.
A primeira delas é o desgaste do “novo”. A “onda” passou. As pesquisas mostram nomes políticos tradicionais, em boas posições. Os chamados “outsiders” (o estranho na política) dão sinais de queda.
O eleitor mais cauteloso, se afasta dessas “falsas novidades”, que usam chavões e se apoiam na anticorrupção para conseguir votos. Regra geral despreparados e sem a menor condição de exercerem mandatos eletivos. Apenas alimentam fanatismo e radicalismos de ultra direita, ou esquerda.
Os mais experientes, com serviços prestados, crescem na preferência popular, diante da frustração do cidadão com certas escolhas feitas em 2018. O povo parece entender que há "novos velhos" e "velhos novos".
A direita está inegavelmente com mais desenvoltura, mas dividida. A esquerda pulverizada. Os temas centrais no debate eleitoral são a pandemia e a guerra da vacina.
As previsões indicam a direita tornando-se competitiva, por ter hoje cerca de 30% de candidatos nos três primeiros lugares das pesquisas nas capitais,
A esquerda apresenta-se com cerca de 20 candidatos bem colocados nas capitais, mas os avanços e recuos somente serão percebidos no segundo turno, onde houver. Em SP, o PSOL cresce com Boulos e a sigla está em primeiro lugar em Belém.
O PCdoB tem chances de ganhar em Porto Alegre.
O PT mantem-se razoável no ABC paulista e sairá menos desgastado, caso consiga chegar ao segundo turno com Benedita da Silva, no Rio, Marília Arraes, em Recife, e Luizianne Lins, em Fortaleza.
O PSB desponta no Recife, com João Campos. O PDT terá possibilidade de ganhar no RJ, caso haja segundo turno, com Martha Rocha.
Os prefeitos que lideram bem a pandemia se saem bem nas pesquisas. É o caso de Álvaro Dias, de Natal.
O bolsonarismo, sem partido, “pega carona” na direita fragmentada, mas corre o risco de ser derrotado nas duas principais capitais do país: Rio de Janeiro e SP.
Um fato novo nas últimas horas mostra a possibilidade das eleições municipais levarem a novo alinhamento político para 2022. O Presidente da República assume posição radical contra a vacina para combater a Covid 19 e “abre guerra” com a China. Isso ocorre justamente numa hora em que a economia “balança”, até com possibilidade de desabastecimento.
Em tal situação, como entrar em conflito com os chineses, o nosso maior parceiro comercial no agronegócio?
De outro lado, politicamente o Presidente apressa o confronto com João Doria, numa disputa que estava adormecida.
Na medida em que investe contra o Governador de SP, Dória assume a posição nacional de principal adversário do bolsonarismo e ganha dividendos políticos.
Dória estava em queda e Bolsonaro ajuda a sua recuperação, ao permitir que ele assuma discurso daquele que preserva a ciência, não aceita nacionalidade da vacina, protege a saúde e a vida dos brasileiros.
Quer se queira, ou não, é isso o que está acontecendo.
Os riscos políticos do Presidente aumentarão, caso o STF julgue a vacina obrigatória.
Mesmo com a pregação anti-STF e propostas até de fechamento sumário da instituição, a Corte desfruta ainda de bom conceito no país, como mostram as pesquisas.
Somadas tais consequências, ao fato do final do auxílio emergencial e a demora para criação de novo programa social, a tendência serão dificuldades políticas para o bolsonarismo em 2021.
O Presidente certamente não contará com o “centro”, mesmo abrindo caminhos através do diálogo congressual.
Os “centristas” historicamente colocam “um pé” em cada lado
Por fim, análise específica do RN demonstra que o futuro do estado é totalmente incerto.
Não há "nomes" emergentes, nem propostas em debate, que possam atrair o eleitorado.
O governo do estado limita-se ao "feijão com arroz" de sempre. Nenhuma luz acesa, que desperte confiança no futuro.
Total deserto de ideias e líderes, o que facilita caminho para o abismo político, social e econômico..
O estado entra na eleição ruim e poderá sair péssimo, sem qualquer previsão positiva para as eleições de 2022.
A esperança é que Deus, por ser brasileiro, ajude o RN e o milagre aconteça.
O prefeito Álvaro Dias, certamente o vitorioso na capital, já diz que não disputará o governo do estado.
Como será preenchido o vazio hoje existente no Governo Estadual, no Senado e na Câmara dos Deputados?
Excluem-se os legislativos estadual e certos municipais, por existirem exceções.
Como será o futuro potiguar?