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Análise: "Prêmio Nobel acha que Putin está perto de afundar"

Postado às 07h09 | 03 Jul 2023

Vargas Loosa se casou pela primeira vez em 1955, 19 anos, com Julia Urquidi, irmã da mulher de seu tio materno, 10 anos mais velha. Depois, casou-se com Patrícia Llosa, prima-irmã, com quem teve três filhos. Em 2016, se separou e casou com a celebridade filipina Isabel Preysler, ex-esposa de Julio Iglesias (cantor); de Carlos Falcó, marquês de Griñón e político e ex-ministro de economia de Espanha Miguel Boyer. Ela é conhecida como “rainha de copas”. Na foto, Vargas e a última esposa, separados

NEY LOPES

“Wladimir Putin está perto de afundar na escuridão”.

Vargas Llosa, 87, escritor peruano, fez essa afirmação, em artigo publicado no “New York Times”, Estado de São Paulo e jornais globais, neste domingo.

Ele é Premio Nobel de literatura e o último sobrevivente de talentos latino-americanos igualmente premiados, como  o colombiano Gabriel García Márquez, o argentino Julio Cortázar e os mexicanos Carlos Fuentes e Juan Rulfo.

Na análise de Vargas Llosa sobre a guerra da Ucrania e os últimos acontecimentos na Rússia, ele opina que o “país não quer guerra. Os russos não estão comprometidos com uma guerra que não sentem como sua. Os soldados se negaram, sim, a lutar e por isso os russos se depararam com uma realidade inesperada, ou seja, que seus supostos inimigos, os ucranianos, lhes opõem uma resistência leonina”.

O escritor considera grave sintoma a recente rebelião, que quase invadiu Moscou e completa: “A rebelião dos mercenários foi um sintoma da crise que o regime de Putin vive e das graves dificuldades que a invasão da Ucrânia atravessa. Ainda que momentaneamente apaziguada, há a impressão de que a rebelião, ou outra parecida por parte de setores militares descontentes, poderia ressuscitar.”

A delicada posição de Putin é assim analisada por Vargas LLosas: “, quem sai muito prejudicado desta crise é o próprio Putin, que até agora governava a Rússia com mão de ferro e acreditava que a invasão à Ucrânia seria um simples passeio das tropas russas. Esta crise resolveu-se provisoriamente, mas é óbvio que o ocorrido terá consequências para o presidente russo, porque sua imagem de invencibilidade se quebrou (o que explica, de certa forma, os expurgos iniciados entre os militares).”

“Não é impossível que a pressão do Exército obrigue Putin a deixar o cargo e afundar-se na escuridão, como outros líderes. Ele viu seu enorme poder contestado por um Exército de mercenários, de modo que sua ideia de que a invasão à Ucrânia fortaleceria seu poder, não apenas na Rússia como diante do mundo, foi desmentida pela realidade. Ele está preso em um labirinto sem saída.” afirma Llosa.

Sobre a liberdade na Rússia observa o escritor peruano: “Não existe liberdade na Rússia, e os russos têm dificuldades em expressar-se e manifestar-se. Os mercenários atuaram de uma maneira insólita, devolvendo à população civil uma atitude crítica. É a primeira vez, desde que Putin ocupa o poder, há cerca de um quarto de século, que o desafiam abertamente e que o ameaçam com o que poderia ter sido uma guerra civil”.

Com a autoridade de quem é considerado um dos melhores analistas políticos do mundo, conclui Vargas Llosa: “Mas aí está a semente, semeada de uma maneira que os profetas jamais puderam imaginar, através de uma conspiração que tem por autores, sobretudo, habitantes das cadeias que venderam sua arrogância em busca de algumas migalhas de liberdade, da qual agora se aproveitam.

“Tomara que a Rússia aprenda a lição e, com Putin à frente ou quem quer que o substitua, empreenda de uma vez as negociações que o mundo inteiro reivindica e devolva aos ucranianos o direito de desfrutar de seu país".

 

 

 

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