Postado às 06h30 | 12 Jul 2021
Ney Lopes
Neste domingo, 11, o fato internacional de maior relevância foram milhares de cubanos nas ruas gritando "liberdade" e "abaixo a ditadura", em um dos maiores protestos na ilha nos últimos 60 anos.
A mídia registra populares dizendo que a manifestação “era pela liberdade do povo, não podemos aguentar mais. Não temos medo. Queremos mudança, não queremos mais ditadura".
A reação do presidente Miguel Díaz-Canel foi imediata, indo às rádios e Tvs a com a convocação de “todos os revolucionários do país, todos os comunistas, a tomarem as ruas e irem aos lugares onde essas provocações aconteciam".
Foi além ao ameaçar os manifestantes: “o governo está pronto para tudo e estará nas ruas combatendo”.
Os protestos em Cuba são muito incomuns e, quando ocorrem, são reprimidos.
Antes deste domingo, o maior protesto ocorrido em Cuba desde 1959 aconteceu em 1994, em frente ao Malecón de Havana, mas se limitou à capital e apenas algumas pessoas participaram, sendo detidas.
Ontem, os atos públicos foram censurados nos veículos de comunicação cubanos
Através das redes sociais dezenas de cubanos transmitiram ao vivo o que acontecia em Havana.
Foram divulgadas imagens de pessoas gritando "Pátria e vida", título de uma canção polêmica, mas também "abaixo a ditadura!" e "não temos medo".
Os manifestantes, em sua maioria jovens, caminharam pela cidade, segundo as imagens.
"Ai, meu Deus!", ouve-se uma mulher dizer enquanto a passeata passa por ela aos gritos de "Queremos liberdade" e insultos ao presidente Miguel Díaz-Canel
Ultimamente, com o turismo praticamente paralisado, o coronavírus teve um profundo impacto na vida econômica e social da ilha, aliado a uma crescente inflação, apagões elétricos e escassez de alimentos, medicamentos e produtos básicos.
Neste final de semana, a ilha registrou pelo terceiro dia consecutivo o maior número de novos casos e de mortos por covid-19: 6.923 novos casos e 47 mortos.
No entanto, de acordo com fontes locais, as manifestações também foram motivadas pelo fato de que o Governo e os meios de comunicação oficiais não reconhecem em toda a sua magnitude a gravidade da situação e divulgam informações falsas.
Os cidadãos pressionam para que o Governo permita a abertura das fronteiras, a fim de receber ajuda humanitária, um ponto crítico para o regime cubano, cuja posição é exaltar o seu sistema de saúde como um dos melhores do mundo e por isso não aceita qualquer ajuda internacional.
Enquanto isso, a população cubana cada dia fica mais desassistida.
Observa-se que as ditaduras sofrem abalos em todos os continentes.
O governo de Belarus enfrenta sucessivos protestos populares e o país é conhecido como a última ditadura da Europa.
Agora, em Cuba, a população se insurge e vai às ruas em protesto.
Tudo poderá acontecer, na busca de valores de liberdade e democracia.