Postado às 06h35 | 30 Jan 2022
Ney Lopes
Neste domingo, 30, os portugueses vão às urnas, quase dois meses após a dissolução do Parlamento, para decidirem se o país vira à direita, ou prossegue com a coalizão socialista.
As últimas pesquisas apontam o Partido Socialista (PS), que está no poder, com 35% das intenções de voto e o Partido Social Democrata (PSD), do ex-prefeito da cidade do Porto Rui Rio, com 33%.
O atual primeiro ministro Antonio Costa, somente permanecerá no comando do governo, se conseguir manter maioria parlamentar à esquerda, com o apoio da chamada“Geringonça”.
Esse grupo político, criado em 2015, uniu os blocos de esquerda e comunistas para darem sustentação ao governo no Parlamento.
Entretanto, após o orçamento de 2022 não ter sido aprovado, instalou-se no país crise política, que dissolveu a “Geringonça”.
As urnas dirão se continuará, ou não.
Aparentemente, o primeiro ministro socialista Antonio Costa cometeu equívoco político.
Após as eleições de 2019, ele abandonou a “geringonça”, optando por negociar individualmente nas votações.
A falta de um acordo formal com os antigos parceiros, acabou dificultando a governabilidade.
O rompimento definitivo se deu em outubro passado, quando o “bloco” votou contra o governo, rejeitando o orçamento de 2022.
Com a crise irreversível, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa optou por chamar o povo às urnas.
O fato novo na eleição de hoje é o crescimento eleitoral do líder socialdemocrata, deputado Rui Rio, que vem atraindo votos com um discurso centrista e de moderação.
Embora os dois maiores partidos concentrem mais de 60% das intenções de voto, a formação do novo governo dependerá diretamente do desempenho das legendas menores.
Estão no páreo dois partidos que estrearam no Parlamento em 2019 e têm agora somente um deputado cada um: o Iniciativa Liberal e o Chega.
Mais à direita que o PSD, ambos devem apresentar aumento expressivo de representação na próxima legislatura, segundo os analistas.
O partido “Chega” de ultradireita, é o mais problemático.
Apresentando-se como antissistema, defende propostas polêmicas, como a volta da pena de morte e a castração química de pedófilos.
Também conviveu com integrantes ligados a organizações neonazistas e é frequentemente acusado de discurso discriminatório contra comunidades ciganas.
A abstenção em Portugal, onde o voto não é obrigatório, chama a atenção.
Com a alta cobertura vacinal —quase 90% da população está imunizada -, a cifra de mortes e internações não acompanhou o aumento de casos.
Diante do cenário de milhares de portugueses em isolamento, o governo liberou o voto de pessoas infectadas, sempre de máscara e com distanciamento, mas aconselhou que elas votem em um horário específico: entre 18h e 19h.
Quem estiver doente também deve evitar usar transporte público para chegar aos locais de voto.
O resultado eleitoral de Portugal significará de orientação para as tendências políticas da Europa, no momento em que a crise da Rússia com a Ucrânia, coloca na pauta a possibilidade de conflito armado.
Aguardemos!